Há um debate entre os que lutam contra o governo e a oposição burguesa. Enquanto o PSTU defende o “Fora Todos!”, o P-SOL propõe um abaixo-assinado para defender uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) em defesa de um plebiscito revogatório. Nele, a população optaria pela continuidade ou não do governo. Caso o resultado fosse a interrupção do mandato de Lula, o P-SOL proporia a antecipação das eleições gerais.

Todos nós sabemos que negocia-se um acordão entre o governo e a oposição burguesa, para que as investigações terminem em pizza. Aprovar qualquer medida contrária aos dois blocos dominantes neste Congresso é praticamente impossível, caso não exista uma gigantesca mobilização popular que o pressione. Uma PEC, para ser aprovada, necessita de dois terços dos parlamentares. Somente uma pressão popular semelhante à do Fora Collor poderia fazer com que se votasse tal emenda.

Surge então a primeira grande contradição da proposta. Qual a justificativa para colocar milhões nas ruas, em uma gigantesca mobilização, e depois aprovar um plebiscito? O que vale mais: a mobilização multitudinária, a ação direta de milhões, ou o plebiscito que pode ser (como toda eleição) manipulado pela mídia? Imaginem se o resultado da luta do Fora Collor fosse um plebiscito de resultado duvidoso?

Derrubar todos
Partindo da mesma base, de que é necessário mobilizar os trabalhadores e os jovens contra a corrupção e a política econômica, o PSTU defende o “Fora Todos!”. Se chegarmos a ter grandes mobilizações, é melhor que o movimento tenha como perspectiva clara a destituição do governo e do Congresso, do que uma proposta de plebiscito para ser votada pelo Congresso corrupto.

Mas, no caso da PEC proposta pelo P-SOL ser aprovada, e depois fosse vitoriosa a redução do mandato de Lula, uma nova, e ainda maior, contradição se abriria. A proposta do P-SOL, nesse caso, seria a antecipação das eleições.

Ninguém duvida que, nessas eleições, os vencedores seriam PSDB, PFL, ou ainda o próprio PT. Ou seja, como resultado da proposta do P-SOL, após uma crise gigantesca, de uma mobilização de milhões de pessoas, teríamos de novo um governo como o de FHC ou de Lula, com a mesma política econômica. Ao final, teríamos outro tipo de pizza. O mais grave é que esse novo governo não estaria envolto na crise, pois teria a legitimidade de uma eleição.

Não por acaso, a antecipação das eleições poderia ser a saída para o grande Capital, caso a crise política se agrave e o impeachment seja inevitável. Uma saída como essa, por dentro da democracia burguesa, só poderia beneficiar a burguesia.
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