Votação ocorre em todo o país, em escolas, universidades e praçasDesde o dia 6 de novembro, milhares de pessoas têm votado em um plebiscito popular, respondendo a uma pergunta simples: “Você é a favor do investimento de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para Educação Pública Já?”. “As pessoas receberam muito bem a idéia do plebiscito. Nas ruas, muita gente faz fila pra votar e diz que já era hora de fazer alguma coisa pela educação”, conta a estudante Clara Saraiva, uma das organizadoras da consulta, que também vem sendo feita pela internet.

A votação termina nesta terça-feira, 6 de dezembro. Depois de apurados os votos, o resultado final será entregue ao Ministério da Educação, para o ministro Fernando Haddad, e para a Câmara dos Deputados, na Comissão de Educação e Cultura. O objetivo é chamar a atenção para a situação das escolas e pressionar os parlamentares, que neste momento debatem o Plano Nacional de Educação (PNE), enviado pelo governo para regular o setor na próxima década.

O projeto enviado pelo governo prevê que até 2020, o investimento no setor pule dos atuais 5% para 7% do PIB. Os organizadores da campanha exigem os 10%. Em manifesto conjunto, as entidades que organizam a campanha criticam o discurso do ministro Haddad, que afirma que não há recursos para investir mais do que 7%. “Essa resposta não pode ser aceita. Investir desde já 10% do PIB na educação implicaria em um aumento dos gastos do governo em torno de R$ 140 bilhões. O TCU acaba de informar que só em 2010 o governo repassou aos grupos empresariais R$ 144 bilhões como isenções e incentivos fiscais”, diz o manifesto.

A campanha é organizada por cerca de 30 entidades nacionais, entre elas a CSP-Conlutas, central sindical e popular; o ANDES-SN, que reúne os professores universitários; e a ANEL, entidade estudantil independente, alternativa à UNE. Além disso, diversos sindicatos de professores têm organizado a votação nas escolas. “Nesse ano os professores fizeram greve em 22 estados, onde não se pagava sequer o piso nacional. Não adianta os governos dizerem que respeitam os professores, sem aumentar o investimento. Sem os 10%, continuaremos tendo de dar aulas em duas, três escolas, para sobreviver” protesta a professora Amanda Gurgel, conhecida pelo vídeo com seu desabafo diante dos deputados do Rio Grande do Norte e uma das principais organizadoras da campanha pelos 10% já.