Onze parlamentares se beneficiam com o acordãoO Conselho de Ética da Câmara, onde tramitavam os processos de cassação de deputados envolvidos no mensalão, suspenderá os trabalhos até fevereiro. O anúncio foi feito pelo presidente do conselho, Ricardo Izar (PTB), que justificou a suspensão dizendo que não há prazo para que as 11 cassações adiadas possam ser votadas, já que o presidente da Câmara, Aldo Rebelo, do PCdoB, pretende respeitar o recesso parlamentar de 15 de dezembro a 15 de fevereiro.

Para que houvesse uma convocação extraordinária do Conselho, seria preciso um acordo entre os parlamentares, mas a base governista é contra, por motivos óbvios. A oposição burguesa também não faz muita questão de criar caso.

Apenas a cassação do deputado Romeu Queiroz, do PTB, está prevista para ocorrer ainda em 2005, pois já foi analisada pelo conselho. A votação na Câmara sobre a cassação do deputado está marcada para o dia 14. A previsão do Conselho é de que o último processo seja resolvido só no final do primeiro semestre de 2006.

O estranho é que as denúncias sobre o mensalão foram feitas em junho e houve tempo suficiente para investigar. Não foi à toa que o Conselho de Ética aguardou até a véspera de Natal para discutir isso e decidir adiar para 2006.

O acordão entre governo, partidos de oposição burguesa e base aliada era justamente para que a ceia natalina tivesse como prato principal essa pizza. Jogando os processos para resolver em 2006 e adentrando o calendário eleitoral, há tempo para abaixar a poeira. Desde o princípio, o objetivo dos parlamentares era cassar poucos nomes para satisfazer a opinião pública, como José Dirceu e Roberto Jefferson, e garantir a governabilidade até as eleições. É o que está sendo costurado.

Mesmo a convocação de Palocci para depor na CPI dos bingos está sendo indefinidamente adiada. Só foi decidido que a convocação do ministro seria votada depois que ele foi insistentemente convidado a comparecer de livre e espontânea vontade, o que foi recusado. A votação, que ocorreria neste dia 7, foi agora adiada para a semana que vem e nada impede que seja remetida para o ano que vem também. Para obter o adiamento, Palocci negociou diretamente com José Serra, presidenciável pelo PSDB, já que o ministro liberou verbas recentemente para a administração tucana em São Paulo.

Tudo isso só confirma que não há como confiar nas CPI´s para que haja uma real punição dos envolvidos em corrupção na Câmara, no Planalto e nos ministérios. Tudo indica que o país adentrará o período pré-eleitoral com a crise fazendo aniversário e os mesmos safados de sempre aparecendo nas propagandas para renovar seus mandatos. Somente as lutas dos trabalhadores podem mudar o curso dessa história.