Poucas horas após o discurso em que Sarney mentiu na tribuna do Senado, o Conselho de Ética arquivava 4 das 11 representações e denúncias protocoladas contra o senador. O atual presidente do Conselho de Ético, o senador Paulo Duque (PMDB-RJ), segundo suplente eleito sem nenhum voto e indicado ao posto pelo líder do partido Renan Calheiros (PMDB-AL), mostrou serviço ao mandar para gaveta as denúncias contra Sarney.

Os três primeiros pedidos de investigação que foram arquivados se referiam às denúncias de favorecimento do neto de Sarney no Senado e desvios de verbas da Fundação José Sarney, através de contratos fraudulentos com a Petrobras. Outra representação requeria investigação sobre os atos secretos no Senado.

Paulo Duque também mandou para a gaveta uma representação contra Renan Calheiros, também referente aos atos secretos. Para livrar a cara dos senadores, Duque argumentou que a edição dos atos secretos foi de exclusiva responsabilidade do ex-Diretor Geral do Senado, Agaciel Maia e o ex-diretor de Recursos Humanos, João Carlos Zoghbi.

O senador Paulo Duque, como presidente do Conselho de Ética, tem o poder de arquivar sumariamente qualquer representação, e foi justamente para isso que foi indicado ao posto. Seus argumentos para isso, porém, é um verdadeiro escárnio que beira o cinismo.

Foi justamente Sarney quem indicou Agaciel Maia ao posto de Diretor Geral, há 15 anos. E uma das nomeações assinadas por Agaciel, a de Henrique Dias Bernardes, namorado da neta de Sarney, cuja negociação foi revelada pela interceptação telefônica da Polícia Federal, foi realizada por ato secreto.

Há poucos meses, falando sobre a CPI da Petrobras, Lula chegou a dizer que os senadores “são bons pizzaiolos”. Lula nunca esteve tão certo.

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