Como parte das mobilizações programadas pela Frente de Resistência urbana, os moradores da ocupação Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), fizeram uma enorme marcha pelos bairros da zona sul da cidade. Duas mil e quinhentas pessoas, segundo a imprensa, caminharam animadamente por três horas, levando faixas e cartazes com suas reivindicações e incorporando à luta as necessidade dos moradores da região sul da cidade.

A marcha teve como um dos objetivos o lançamento da coleta de assinaturas para apresentação de um Projeto de Lei de Iniciativa Popular para transformar a área da ocupação em ZEIS (zona especial de interesse social). O objetivo é colher dez mil assinaturas. No recente projeto apresentado pela prefeitura municipal, a gleba ocupada nem aparece.

Somou-se a essa luta a batalha por melhores condições de atendimento na saúde pública, que está um caos na cidade. A primeira parada da marcha foi exatamente para dar um abraço nas entidades de saúde UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e UBS (Unidade Básica de Saúde) no bairro Campo dos Alemães.

Em seguida, os moradores fizeram uma manifestação enfrente à creche municipal que atende à região. O estabelecimento é terceirizado pela prefeitura. O protesto demonstra a insatisfação da população por falta de vagas nas creches da cidade.

Da creche, os ativistas foram para o local histórico chamado Campão, onde realizaram um ato. Foi nesse palco que os moradores, em 2004, montaram seus barracos para dali sair e ocupar as terras do Pinheirinho.

Quando os sem-teto tomaram essa iniciativa, o Campão foi cenário do enfrentamento com a Guarda Municipal. O local virou uma praça de guerra, com cassetetes e tiros de um lado, e paus, pedras e muita coragem do outro. Os moradores saíram vitoriosos e montaram suas barracas com o recuo da Guarda.

Na verdade, tinham acabado de ser retirados pela Polícia Militar das casas do CDHU, que ocuparam dias antes. Dali, com seus pertences, partiram para conquistar o Pinheirinho, onde estão até hoje e, com a confiança na luta, ficarão para sempre.

Seguindo o trajeto determinado, a marcha foi até o córrego Senhorinha para reforçar a luta para que se construa uma ponte que ligue o Campo dos Alemães ao Bosque dos Eucaliptos, pedido antigo dos moradores da região. Durante toda a marcha, foi lembrada a luta dos moradores do Conjunto Dom Pedro pela legalização de suas casas, luta que já dura vinte anos.

Depois, a marcha seguiu de volta ao acampamento do Pinheirinho onde aconteceu o ato de encerramento. Com a população, ficou o sabor de que a solidariedade e a confraternização entre a população pobre de todos os bairros é fundamental para a luta comum. Ficou também a certeza do dever cumprido e das vitórias vindouras.