Megaespeculador Naji Nahas
Reprodução TV Folha

“Eu tenho a maior simpatia por quem não tem casa”. A frase proferida pelo megaespeculador Naji Nahas, em entrevista à TV Folha , seria cômica, se não fosse trágica, falsa e mentirosa. Esta foi a primeira vez que Nahas falou publicamente sobre a desocupação do Pinheirinho e assumiu ser o único beneficiário da ação policial que destruiu a vida das cerca de 9 mil pessoas que viviam no local. O empresário também elogiou a juíza Márcia Loureiro, e disse que é uma ‘mulher de coragem´ por ter bancado a desocupação.

Assim como no caso do Pinheirinho, a Justiça sempre esteve do lado de Nahas. No Brasil desde 1969, ele fez fortuna com operações financeiras cuja legitimidade é questionada até hoje. Em pouco mais de dez anos, tornou-se um dos maiores acionistas da Petrobrás, dono de um conglomerado de 27 empresas, 11 delas pertencentes à massa falida da Selecta, e acumulou uma fortuna de mais de US$ 1 bilhão.

Responsável pela quebra da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro em 1989, quando tomava dinheiro emprestado de bancos para fazer negócios consigo mesmo por meio de laranjas, Nahas foi julgado por vários crimes contra o sistema financeiro no Brasil e nos Estados Unidos, mas, como sempre foi muito bem relacionado entre os mandatários e poderosos, foi absolvido de todas as acusações. Obrigado abrir mão de US$ 490 milhões em ações na bolsa, Nahas ainda pede indenização de U$ 20 bilhões por ‘danos financeiros e morais´ no caso da quebra da bolsa do Rio, afinal de contas, se não fosse por isso, ele seria hoje o homem mais rico da América Latina.

Em 2004, Nahas chegou a ser preso juntamente com o banqueiro Daniel Dantas e o ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta, acusado de envolvimento no esquema do mensalão, que desviava dinheiro público para o pagamento de propina a congressistas em troca de apoio ao governo de Lula. O papel do empresário no esquema era o de “lavar” o dinheiro desviado, mas mesmo com a grande quantidade de provas o incriminando, mais vez, a justiça burguesa o absolveu.

Dado o histórico de Najas com a Justiça brasileira, não é de se estranhar a decisão da juíza Márcia Loureiro em favor do empresário. Ciente de sua impunidade e favorecimento Nahas ainda declara: “graças a Deus eu confio na justiça porque fui inocentado no caso da Bolsa, no caso Audi e meu terreno foi recuperado.”

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