Chinaglia toma posse como presidente da Câmara
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A eleição do deputado Arlindo Chinaglia do PT para a presidência da Câmara não foi surpresa diante da seqüência de negociatas que se deu na última semana, sobretudo após a conformação do “megabloco” de seu partido com o PMDBNa mesma sessão, aconteceu a nomeação da nova legislatura, em que vários notórios corruptos tomaram posse. No Senado, o maior absurdo ficou por conta do retorno de Fernando Collor de Mello. Paulo Maluf, outro bom filho que à casa volta, declarou que “em quarenta anos de vida pública” foi o político que mais sofreu acusações e disse que pode garantir ser “o mais puro deste País”. José Genuíno, um dos implicados nos escândalos de corrupção em 2005, também está de volta. Também voltaram Antônio Palocci e João Paulo Cunha, para citar apenas alguns, pois a lista é grande.

Teve quem se incomodasse com a rapidez da votação eletrônica, como o presidente do PMDB, deputado Michel Temer. Ele declarou que a nova forma de votar dificulta que os candidatos ao segundo turno negociem novos votos. Barganhando ou não, o fato é que o governo sai com o controle da Câmara e um caminho muito mais livre para a implementação de seus projetos e das reformas neoliberais.

Marcos Lima, assessor do ministro Tarso Genro, passou parte da manhã negociando os votos de alguns deputados, trancado numa sala. Lima é o responsável por negociar liberação de recursos para os parlamentares. Aldo Rebelo reclamou a Tarso que pediu a Lima que se retirasse. Isso demonstra que o governo não é tão neutro quanto dizia Lula.

No segundo turno, Gustavo Fruet, do PSDB, declarou seu voto em Aldo, afirmando que este havia se comprometido com todas as propostas da “terceira via”, como ficou conhecida sua candidatura. Segundo declarações do próprio Fruet, a orientação teria vindo do governador de Minas Gerais, Aécio Neves.

A vitória do petista, longe de deixar fissuras na base governista – como vem sendo noticiado pela grande imprensa – deverá fortalecer Lula na aplicação de seus projetos. Além disso, PT e PCdoB são parceiros no apoio ao projeto político e econômico do governo. O partido de Aldo Rebelo também tem interesse nos cargos que o governo está “leiloando” entre os partidos.

Há um outro aspecto a ressaltar: a eleição de Chinaglia traz de volta ao Congresso o grupo de São Paulo, do deputado José Dirceu, que foi cassado após ter sido apontado como um dos principais articuladores do esquema do “mensalão”.

A eleição do petista consolida o governo de coalizão com o PMDB. Abriram-se, assim, as portas para a distribuição geral de cargos nas estatais e nos ministérios.

Quem é Arlindo Chinaglia
Chinaglia foi, junto com Aldo Rebelo, um dos articuladores políticos do governo no Congresso e votaram em propostas contra o povo, como a reforma da Previdência, a liberação dos transgênicos e o Supersimples, projeto que dá o pontapé inicial no desmonte das leis trabalhistas.

Recentemente, defendeu o vergonhoso aumento de R$24.500 para os salários dos deputados federais. Ele também apóia as novas medidas que vêm sendo propostas pelo governo, como as reformas trabalhista – que visa acabar com férias, 13° salário, etc. – e previdenciária – que pretende elevar a idade mínima da aposentadoria para 65 anos.

O discurso da “ética na política” demonstrou, mais uma vez, ser uma farsa. Atualmente, Chinaglia encabeça a campanha pela recuperação dos direitos políticos do chefe do “mensalão”, José Dirceu.