Indústria retrai e consumo estagna; redução das exportações mostra efeitos da crise internacional

O IBGE divulgou nesse dia 29 de maio o resultado do PIB (Produto Interno Bruto, a soma de todas as riquezas produzidas no país) para o primeiro trimestre de 2013. O crescimento de apenas 0,6% em relação ao trimestre anterior ficou bem abaixo das estimativas do governo e do mercado e reforça a tendência à estagnação da economia brasileira. Esperava-se um crescimento de, no mínimo, 0,9% para o período. O número foi o mesmo registrado no quarto trimestre de 2012, ano em que o crescimento fechou em mísero 0,9%.

Logo após o anúncio do PIB, o ministro da Fazenda, Guido Mântega, foi à imprensa fazer aquilo que já se tornou prática recorrente: rebaixar as estimativas de crescimento para o ano. O governo trabalhava com uma expectativa de expansão da ordem de 3%, embora nem os mais otimistas acreditassem nesse resultado. Se mantiver o mesmo ritmo dos três primeiros meses, o PIB vai fechar o ano com aumento de 2,4%, menor que os 2,7% de 2011.

Limites do crescimento

O parco crescimento da economia nesse início de ano demonstra a ineficiência da política de isenções fiscais e subsídios do governo. A indústria, maior beneficiária dessa política, retraiu 0,3% (já tinha caído 1,4% no trimestre anterior). O resultado só não foi pior devido ao crescimento de 9,7% da agropecuária, impulsionado pela alta nos preços. Já o consumo das famílias, que sustentou grande parte do crescimento dos últimos anos, mostrou-se estagnado, com aumento de apenas 0,1%. Isso reflete o alto endividamento das famílias, que acabou de atingir o recorde de 43,9% (para se ter uma idéia era de 18,3% em 2009, e o aumento da inflação.

Já a crise econômica internacional também influiu para o baixo resultado do PIB, diminuindo a demanda por produtos e reduzindo as exportações em 6,4%.

Confirma-se, assim, a tendência à desaceleração da economia nacional, rumo à estagnação. E com um agravante que atinge, sobretudo, os mais pobres e os trabalhadores: uma inflação em alta e concentrada no setor de alimentos. A alta dos juros imposta pelo Banco Central, por sua vez, só vai aprofundar essa tendência.

Desoneração não gera empregos

Levantamento publicado pelo jornal Estado de S. Paulo mostra que, apesar da renúncia fiscal equivalente a R$ 2,8 bilhões só este ano, resultado da extensão da política fiscal para mais de 40 setores da economia, as demissões persistem. O setor de autopeças, por exemplo, um dos primeiros a receber isenção, registrou nada menos que 11 mil demissões entre março de 2012 e 2013. Já o de calçados perdeu 7 mil postos de trabalho desde 2011. As poucas contratações ocorreram devido ao próprio mercado, não tendo qualquer relação com as isenções.

Se não ajudou a criar empregos, a desoneração serviu para que? O gerente da ABINEE (Associação Brasileira de Indústria Elétrica e Eletrônica) explica: "(A desoneração) teve um aspecto financeiro positivo, que foi a redução do custo trabalhista".

Veja aqui o resultado do PIB nesse 1º trimestre por setor.

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