PSTU-PI

 

A greve de docentes, técnicos-administrativos e estudantes da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) completou um mês na quarta-feira, 18 de maio. A data foi marcada por uma ocupação do Plenarinho da Assembleia Legislativa, que teve uma forte e truculenta reação do presidente da Assembleia Legislativa, Themístocles Filho (PMDB). Fiel ao governo de Wellington Dias (PT), ele mandou cortar a energia e colocou um forte aparato de policiais militares para impedir a entrada de água e alimentos ao local.

O forte calor, a sede e a fome, no entanto, não foram suficientes para desanimar as cerca de 150 pessoas que ocupavam a Assembleia. O incentivo de estudantes, servidores e professores grevistas que ficaram do lado de fora do Plenarinho foi importantíssimo, assim como o apoio dos militantes da Anel, CSP-Conlutas e Sindserm (Sindicato dos Servidores Municipais). Além de ficarem vigilantes contra qualquer violência maior por parte da PM em uma possível desocupação, eles tentavam passar água e biscoitos aos que ocupavam o prédio, através de frestas da vidraça. Mas até mesmo essa ação de solidariedade também foi reprimida pela PM, que arrancavam os “canudinhos” e derrubavam os biscoitos “de água e sal” e isolaram completamente o contato entre os manifestantes.

A ocupação na Assembleia teve uma simbologia especial. Uma das questões denunciadas pelo movimento grevista na Uespi é a falta de verbas e autonomia financeira da universidade. E a pergunta que não quer calar é: Por que o orçamento da Uespi – que tem mais de 22 mil estudantes em campi espalhados por todo o Estado – é bem menor que o orçamento da Assembleia Legislativa, que tem apenas 30 deputados e “funciona” apenas em Teresina?

A falácia de “prioridade na Educação” dos deputados e do governo cai por terra quando a Assembleia tem orçamento anual de R$ 100 milhões a mais que a Uespi. E tem mais: os arranjos feitos para ter “na mão” 27 dos 30 deputados estaduais custam mais de R$ 700 mil dos cofres estaduais. Ao todo, 10 suplentes de deputados assumiram o posto em consequência da barganha de nomeações em secretarias estaduais. Ou seja: para privilégios de políticos, para o agronegócio, para as empreiteiras, e para o pagamento da dívida pública não falta dinheiro…

Sem dúvida, o dia 18 de maio foi um dos dias mais marcantes da greve, movimento este que já contou com duas ocupações ao Palácio de Karnak (sede do governo estadual). A ocupação do Plenarinho da Assembleia começou pela manhã e só terminou por volta das 19h30, com a chegada do Secretário Estadual de Administração, que recebeu a pauta do movimento. No dia anterior, no Twitter, a hashtag #SOSUESPI ficou entre as mais citadas no país, denunciando o estado crítico de sucateamento em que vivemos.

A Uespi completa 30 anos em 2016. E pautas históricas ainda não se concretizaram para a comunidade universitária. Em nenhum dos 11 campi da Uespi, por exemplo, existe Restaurante Universitário ou Moradia Estudantil. As poucas bolsas-auxílio aos estudantes carente sofrem constantes atrasos. 96% dos técnicos efetivos da Uespi recebem menos de dois salários-mínimos, e 45% chegam a receber menos que um salário-mínimo (e ganham complementações de R$ 4, R$ 10,00 para receberem um SM). Professores que receberam título de mestre ou doutor desde junho de 2015 ainda não conquistaram essa mudança nos contra-cheques… A carência de professores efetivos colocou na mira do Ministério Público, para fechamento, mais de 50 cursos superiores…

Motivos não faltam para continuarmos lutando na Uespi. Somente com nossa mobilização vamos derrotar a intransigência do governo Wellington Dias, que tem atacado ainda a educação pública através da militarização de diversas escolas estaduais. Wellington vem também seguindo a mesma lógica de precarização e terceirização na Educação que fez parte do governo Dilma (PT) e é continuada pelo governo Temer (PMDB), e também do prefeito de Teresina, Firmino Filho (PSDB).

Temos feito uma reflexão importante durante este movimento sobre a crise que vivemos na universidade e no país. Acredito que para derrotar esse processo de desmonte e privatização da Educação, é preciso construir a luta contra os governos que aí estão. Isso passa, necessariamente, neste momento, pela construção de uma a greve geral, por eleições gerais, já! Fora Temer, Fora Dilma, Fora Wellington…