Estudante carrega o "caixão" da Ufal, simbolizando o mal causado pelo Reuni
João Paulo da Silva

No final da tarde do dia 11 de dezembro, terça-feira, o movimento estudantil da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em vigília no prédio da reitoria desde as truculentas ações da última segunda-feira, foi surpreendido com a chegada de duas viaturas da Polícia Federal no campus da universidade. Os estudantes realizavam uma assembléia quando os veículos se aproximaram com as sirenes ligadas e policiais empunhando metralhadoras. A ação ocorreu por conta de uma denúncia feita pela reitoria, informando que os estudantes estariam ocupando o prédio e destruindo o patrimônio.

Intimidação
A intenção da Polícia Federal foi indiscutivelmente de intimidar os estudantes. O delegado responsável pela ação afirmou que a PF estava no local para averiguar uma denúncia e que, se tivesse ocorrido violência por parte dos estudantes, a polícia também responderia com violência. O que o delegado esqueceu de dizer foi que as agressões partiram da própria reitoria, quando ordenou que seguranças patrimoniais espancassem estudantes. Em nenhum momento o movimento estudantil agiu com truculência ou destruiu o patrimônio público, como a própria PF pôde comprovar após vistoriar os prédios da reitoria.

Durante a assembléia, vários estudantes fizeram intervenções questionando e denunciando a ação da Polícia Federal. “Seria bom que a polícia esclarecesse o fato de nossos companheiros agredidos não terem conseguido prestar queixa, nem realizar o exame de corpo de delito. Por que a reitora e os pró-reitores conseguiram dar queixa e fazer o exame? Que privilégios são esses?”, disse Flávio Falcão, estudante de medicina e militante do PSTU. Sobre a intimidação sofrida, Flávio ainda afirmou: “esta ação da Polícia Federal, de invadir uma assembléia estudantil de forma intimidatória, só nos remete aos anos de chumbo de 64 a 85. Não conheço nenhuma lei que permita isso”.

O delegado federal ainda tentou se justificar dizendo que estava no campus por conta de uma denúncia e por causa do que os jornais estavam publicando. “A PF não tem nenhum interesse na causa de vocês. Estamos aqui para dialogar e evitar destruição do patrimônio público”, afirmou o delegado. O estudante de Ciências Sociais Anderson Oliveira rebateu os argumentos: “Dialogar? É inadmissível que vocês entrem aqui com todo esse aparato repressor. Dialogar com metralhadoras nas mãos?!”, disse.

O clima de tensão e intimidação era tão grande que estudantes afirmaram ter ouvido um dos agentes federais murmurar para outro: “Isso vai dar doce”.

Manter a luta
Após a saída da Polícia Federal, sem encontrar nada destruído, a assembléia pôde continuar suas atividades e deliberar sobre as próximas ações do movimento estudantil para impedir a aprovação do Reuni. Sem nenhum voto contrário, cerca de 100 estudantes decidiram manter a vigília até a próxima segunda-feira, 17 de dezembro. Também foi aprovado que o movimento continuaria impedindo a votação do decreto pelo Consuni até a reitora Ana Dayse convocar um plebiscito geral.