Petroleiros paralisados em Aracaju, no dia 18

Parou geral! Foi dessa forma que os petroleiros reagiram à enrolação da gerência da Petrobras por não apresentar uma contra-proposta à pauta reivindicatória da categoria. Desde as 5h50 do dia 18, a direção do Sindipetro AL/SE se posicionou na entrada de acesso principal da sede da UN-SEAL, na Rua Acre, em Aracaju.

A mobilização, ocorrida em mais cinco bases (Pará, Rio de Janeiro, Alagoas, Litoral Paulista e São Paulo), foi impulsionada pelos sindicatos que compõem a Frente Nacional dos Petroleiros (FNP). O motivo da paralisação foi a indicação da gerência de Recursos Humanos e também da FUP de somente negociar a pauta de reivindicações após o segundo turno das eleições. A paralisação, sugerida a princípio por 24 horas, após avaliação das entidades da FNP, foi reduzida a duas horas.

Haverá uma próxima assembléia da categoria neste dia 19 para definir as próximas mobilizações. A pauta de reivindicações da Campanha Salarial inclui 10,3% de reajuste, recuperação das perdas salariais acumuladas desde 1994, piso salarial de R$ 751 para os terceirizados, reabertura do Plano de Previdência Complementar de Benefício Definido fechado ilegalmente pela Petrobras, isonomia entre novos, aposentados e antigos trabalhadores.

Punições de advertência
Incomodada com a combatividade do Sindipetro AL/SE de submeter aos petroleiros à decisão sobre os rumos da campanha reivindicatória, a gerência da UN-SEAL decidiu sacrificar os trabalhadores enviando-lhes punições de advertência logo após as assembléias realizadas na segunda-feira (16). Na opinião da direção do sindicato, essa medida alimentou o clima de revolta entre os trabalhadores, que pôde ser percebido no ato do dia 18. A assessoria jurídica do sindicato estuda formas de representar contra a Petrobras por crime à organização do trabalho, até mesmo na Organização Internacional do Trabalho (OIT).

“Big Brother” contra livre organização
Por motivos ainda desconhecidos, há alguns dias, a gerência da Petrobras tem instrumentalizado os vigilantes da empresa, em sua maioria terceirizados, para fotografar “todos os passos” da direção do Sindipetro AL/SE e também dos trabalhadores que participam das atividades sindicais. Na paralisação de hoje, uma dessas máquinas acabou por chegar às mãos da direção do Sindipetro AL/SE, que teve acesso às imagens registradas. A assessoria jurídica do Sindicato da mesma forma prepara uma defesa ao direito de livre organização dos petroleiros da UN-SEAL.

Solidariedade aos petroleiros vítimas de acidentes
Em homenagem aos dois petroleiros fatalmente acidentados nos últimos 10 dias, Rivanildo Alves da Costa, de 52 anos, mergulhador da Marno Serviços Técnicos Submarinos Ltda., morto no último dia 7, e o motorista Edvaldo, da Selcom, falecido na última quarta-feira (11), os trabalhadores fizeram um corrente de oração. Após rezar a oração do pai-nosso, uma sessão de aplausos encerrou o ato nesta quarta.

O “DIP” da Petrobras
Durante os tempos da ditadura getulista, a sigla “DIP” era sinônimo de censura e repressão principalmente à imprensa. O Departamento de Imprensa e Propaganda, criado por Getúlio Vargas em 1937, tinha por função intervir e controlar os meios de comunicação. Hoje, na Petrobras, o DIP – Documento Interno do Sistema Petrobras -, de cunho confidencial, é a sigla sob a qual a Companhia se embosca para advertir por escrito os trabalhadores da empresa que participam de assembléia.

Segundo o documento encaminhado a um trabalhador, cuja identidade convém resguardar, e assinado pelo gerente setorial de Oficina de Manutenção, Rubens Siquieroli Junior, a notificação é qualificada de advertência por, segundo normas da companhia, a ação significar “ato de insubordinação por participar (…) de assembléia sindical dentro das instalações da empresa e durante horário de trabalho”. A assessoria jurídica do sindicato estuda providências para coibir tal medida.