Trabalhadores da Georadar parados
Roberto Aguiar

Trabalhadores da Georadar, empresa que terceiriza serviços para a Petrobras, estão em greve há quase 20 dias no campo de extração de petróleo da estatal brasileira na cidade de Carmopólis (SE).

Hoje, nacionalmente, dois terços dos trabalhadores da Petrobras são terceirizados. A maioria está empregada em empresas que não cumprem as leis trabalhistas, mantêm péssimas condições de trabalho e um rebaixado salário. Essa é a realidade dos trabalhadores da equipe sísmica do campo de Carmopólis, funcionários da Georadar.

De acordo com Ronni Robson, os trabalhadores decidiram pela greve devido a “péssimas condições de trabalho, em que somos submetidos a uma jornada acima de 10 horas diárias, em confinamento superior a 50 dias, alojamento sem conforto nenhum para o descanso dos trabalhadores”.

O movimento grevista envolveu quase 100% dos trabalhadores, todo o trabalho sísmico que estava sendo realizado no campo foi paralisado. Os trabalhadores desmontaram todas as máquinas e guardaram na base da equipe sísmica da Petrobras. A partir desse momento, os grevistas montaram um acampamento em frente à base da equipe sísmica para impedir a saída das máquinas.

O movimento se radicaliza, pois a empresa não avançou na negociação. A Georadar entrou na Justiça para garantir a saída das máquinas. A Justiça concedeu uma liminar favorável à Georadar, demonstrando que a Justiça burguesa está do lado dos patrões e não dos trabalhadores. A Petrobras também autorizou a saída das máquinas de sua base sísmica. A liminar foi cumprida pela tropa de choque do governador Marcelo Deda (PT).

Apesar de tudo isso, a greve continua e ganha o apoio da população de Carmopólis. Várias atividades estão sendo organizadas. O Sindipetro-AL/SE, filiado à Conlutas, desde o inicio do processo está firme e forte ao lado dos trabalhadores.

Solidariedade de Classe
A classe trabalhadora deixa suas marcas nessa greve com seus métodos de organização e decisão, mas também com sua solidariedade de classe. A cidade de Carmopólis é uma cidade operária, milhares de trabalhadores de várias empresas terceirizadas ligadas à extração do petróleo residem nela.

Trabalhadores de várias outras empresas têm demonstrado apoio à luta dos petroleiros da Georadar. Com a greve, trabalhadores de outras empresas também se mobilizaram como foi o caso da Prest Perfurações, que viveu uma greve vitoriosa para os empregados.

Um exemplo de solidariedade foi o de Jaqueline, irmã de um operário de outra empresa terceirizada. Quando o acampamento dos grevistas foi montado em frente à sede da equipe sísmica da Petrobras, Jaqueline foi conversar com os trabalhadores e se propôs a ajudá-los. Ela e sua família cozinham os panelões de comida dos trabalhadores em greve.

Os grevistas organizaram a “Campanha um quilo”. Eles vão às casas dos outros operários e debatem por que estão em greve, solicitando a contribuição de um quilo de alimento para manter o acampamento. Os outros trabalhadores têm respondido positivamente e as contribuições têm sido muitas.

A greve não é somente uma luta especifica
A greve dos trabalhadores da Georadar também está sendo marcada por um grande debate sobre as reformas do governo Lula, em especial a reforma da previdência. O boletim da Conlutas foi debatido com os trabalhadores. Faixas do Sindipetro AL/SE e da Conlutas contra as reformas estão presentes na greve.

Os militantes do PSTU também têm cumprindo um papel importante nesse processo. O jornal Opinião Socialista, semanário do PSTU, está presente na greve e foi um instrumento importante para debater as reformas e chamar os trabalhadores a lutar como fizeram os franceses.

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