Estatal brasileira é a maior empresa da Bolívia, agindo como tal para garantir seus interesses no paísA Bolívia vive uma situação revolucionária. Em outubro de 2003, as massas foram às ruas e derrubaram Sanches de Lozada, cujo governo estava entregando as riquezas do país (em particular o gás) às multinacionais. Mesmo assim, Lula deu-lhe apoio até o fim. Depois que Lozada foi expulso do poder pelas massas, o governo brasileiro apressou-se em apoiar o vice-presidente Carlos Mesa, declarando que era preciso defender as “instituições democráticas”. Mesa manteve a entrega do gás às multinacionais e recentemente quase foi derrubado por outra grande mobilização popular. Mais uma vez, Lula defendeu a continuidade de Mesa, e a preservação das “instituições”.

Interesses empresariais
O papel subimperialista do Brasil pode ser visto com toda clareza na atuação da Petrobras na Bolívia. A Petrobras age como uma empresa multinacional, exatamente como as empresas estrangeiras fazem aqui no Brasil. Como qualquer multinacional, a empresa brasileira explora a mão-de-obra e usurpa as riquezas naturais da Bolívia. A Petrobras é simplesmente a maior empresa da Bolívia, representando 20% do PIB (40% da produção industrial), e administra cerca de um terço do gás do país.

A maioria absoluta dos bolivianos defende a nacionalização das multinacionais que controla o gás do país. Este foi um dos motivos centrais da revolta que derrubou Lozada. O vice-presidente Mesa assumiu o governo e promoveu um referendum fraudulento sobre a questão do gás, não colocando a proposta de nacionalização. Houve grandes mobilizações contra o governo, que também atacavam a Petrobras. Sua sede, por exemplo, foi palco de manifestações de camponeses.

Nesse período, Lula visitou a Bolívia para apoiar Mesa. “Foi a visita de um neoliberal para apoiar outro neoliberal”, disse o sindicalista Roberto de La Cruz, um dos líderes dos protestos.

Mesmo com as mobilizações, Mesa conseguiu ganhar de forma fraudulenta o plebiscito que substituía a nacionalização por impostos sobre as multinacionais. Mas depois ele decidiu reduzir os impostos definidos no referendum, por pressão das empresas petroleiras.

O presidente da Petrobras, Luis Eduardo Dutra, visitou a Bolívia em agosto de 2004 e defendeu “uma lei que garanta a rentabilidade dos investimentos estrangeiros”, opondo-se aos impostos sobre as petroleiras.

No início de 2005, ocorreu uma nova mobilização na Bolívia, mais uma vez motivada pela questão do gás, que quase derrubou Mesa. O presidente da Petrobras na Bolívia, José Fernando de Freitas, ameaçou retirar os investimentos da empresa, caso não fosse aprovado um imposto menor: Segundo ele, “a Petrobras não vai investir na Bolívia se o Congresso aprovar uma lei de combustíveis que não garanta rentabilidade. Não entendam isso como uma ameaça irracional, mas é algo natural, se não dá não vai”.

Para o governo brasileiro, a Bolívia é um mercado de investimento, do qual se espera lucros exorbitantes. Agora fica mais fácil entender a “defesa das instituições”, dita por Lula.

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