Aqueles que acreditavam que a Petrobras do governo Lula era uma Petrobras democrática, que respeitava a organização dos trabalhadores, que atendia às reivindicações em negociações tranqüilas, estão perplexos. Durante a greve, iniciada em 14 de julho e com término previsto para o dia 18, na Bacia de Campos, a empresa tem adotado medidas tão arbitrárias quanto as que se via durante os governos militares, no de Collor e no de FHC.

Por exemplo, em várias plataformas os trabalhadores entregaram a planta de processo para as equipes de contingência e solicitaram seus desembarques para somarem-se aos grevistas em terra, seguindo a orientação da diretoria do Sindipetro-NF. Para a surpresa de alguns, a Petrobras está retendo estes trabalhadores embarcados mesmo sem trabalharem, o que, segundo a direção do sindicato, configura “cárcere privado” do ponto de vista jurídico.

Há uma norma interna da empresa que diz que qualquer trabalhador embarcado ao solicitar o seu desembarque deve ser prontamente atendido, tendo em vista as condições psicológicas adversas a que estão submetidos estes trabalhadores. Assim, ao não desembarcar os grevistas, a gerência da empresa joga no lixo uma norma de segurança e de saúde dos trabalhadores da própria empresa. E assim como este, há outros exemplos da truculência fascista com que a Petrobras de Lula vem tratando a greve na Bacia de Campos.

Em resposta a isto, a greve tem adesão crescente dos trabalhadores desde seu início. Várias unidades marítimas estão aderindo a cada dia. Os embarcados se declaram em greve e solicitam o desembarque e os que estão para embarcar (nos aeroportos de Macaé e Campos dos Goytacazes, residentes desde o Rio Grande do Sul até o Pará), negam-se a fazê-lo. A greve conta com, aproximadamente, 70% de adesão da categoria. Das 42 plataformas, 33 estão declaradamente em greve. O final da greve está marcado para 0h do dia 19 de julho, mas dependendo das negociações sobre o dia do desembarque e a PLR poderá ser estendida.

A repercussão desta adesão na queda da produção é muito difícil de ser medida com precisão, mas atinge pelo menos 50%. As plataformas que estão produzindo, estão sendo operadas pela equipes de contingência, formadas por gerentes e coordenadores. Essas pessoas há anos estão afastadas das rotinas operacionais. E, ainda, por trabalhadores não habilitados para tal tarefa, acarretando operações fora dos padrões mínimos de segurança da própria empresa, colocando em risco a vida de quem está embarcado (os trabalhadores terceirizados, por exemplo).

Os trabalhadores da Petrobras são treinados e, com os anos de experiência, conhecem os riscos das operações das plataformas em que trabalham. Sabem como diminuir estes riscos, o que já não ocorre com as “equipes de contingência”. Outros postos específicos de atuação em situações de emergência, tais como brigada de combate a incêndio, equipes de abandono e evacuação das plataformas em caso de sinistros, equipes de resgate e outras, estão desguarnecidos, pois os seus titulares são os grevistas que solicitam desembarque.

Ontem, dia 15, um incidente envolveu um coordenador de produção (cargo comissionado) que estava fazendo uma tarefa que não é de seu escopo de trabalho. Estas equipes de contingência, além de operarem com grande risco, não possuem habilidade e competência para manterem as plantas 100% produtivas.

A diretoria do Sindipetro-NF decidiu, corretamente, por sugestão da base em terra, não comparecer à mesa de negociação deste dia 16 às 14h se houver trabalhadores grevistas embarcados. É esta a atitude esperada pelos trabalhadores grevistas.

Candidatura de lutas
Os candidatos da Frente Macaé Socialista, Alexandre Elias (professor, candidato a prefeito-PSTU) e Leonardo Esteves (funcionário de terra da Petrobras, candidato a vereador-PSOL) têm prestado o seu apoio ao movimento grevista petroleiro.

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