Pelo fim das duplas e triplas jornadas de trabalho; salário igual para trabalho igualA dupla jornada de trabalho das mulheres é a expressão da combinação explosiva de opressão e exploração. Sabemos que todas as mulheres são oprimidas, pois opressão é o aproveitamento de diferenças sexuais, raciais e de nacionalidade para submeter grupos inteiros a situações de desvantagem. Já a exploração é a apropriação dos frutos do trabalho da maioria pela minoria, a classe dominante.

Quando falamos em dupla jornada, falamos na combinação dessas duas formas de subjugação humana, em que a burguesia utiliza a opressão da mulher para lucrar mais, através de uma jornada de trabalho que não é remunerada e é extremamente necessária para a reprodução da força de trabalho: estamos falando do trabalho doméstico.

Segundo as últimas pesquisas – dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2001 e 2005 -, não somente as crianças dependem das mulheres (no caso mães), mas também grande parte dos idosos. Isso deu origem, no século XXI, à chamada “tripla jornada”.

De acordo com o levantamento, o cuidado com os idosos constitui uma atividade feminina e, à medida que a idade avança, a atenção com eles também aumenta. O IBGE diz que a tripla jornada é gerada por mudanças significativas na distribuição do tempo das mulheres com o cuidado pessoal e o lazer, além da absorção das horas com o mercado de trabalho e atenção com a família.

Além disso, essas pesquisas também demonstram que a carga semanal das mulheres supera a dos homens em quase cinco horas. Mas porque as mulheres têm tripla jornada de trabalho?

A superexploração do trabalho feminino se manifesta de diversas formas. A burguesia e os governos utilizam a opressão e a superexploração do trabalho para lucrar mais, manter e reproduzir seus privilégios, manter e reproduzir o sistema capitalista. A existência de creches, restaurantes e lavanderias públicas, aumentaria os gastos do estado com serviços sociais e, conseqüentemente, diminuiria as taxas de lucro da burguesia, que hoje ganha em cima deste trabalho que é fornecido gratuitamente por 90,6% das mulheres segundo dados do IBGE em 2007.

Podemos citar, ainda, a desigualdade salarial. Das mulheres que trabalham, 53% ganham até um salário mínimo. As mulheres são 70% das mais pobres do mundo e ganham em média 35% menos que os homens. No caso das mulheres negras, seus rendimentos chegam a ser em média 55% menores que os dos homens.

Toda essa situação prejudica profundamente às mulheres trabalhadoras, mas não só. Atinge a classe trabalhadora de conjunto, pois os baixos salários e as duplas e triplas jornadas possibilitam à burguesia, aumentar seus lucros diminuindo empregos e nivelando o salário da classe cada vez mais por baixo.

Nesse sentido, os ataques que estão sendo preparados pelo governo Lula atingirão em cheio e mais duramente às mulheres, que terão de trabalhar doze anos a mais com a reforma da Previdência e terão seus direitos historicamente garantidos – como licença maternidade, férias e décimo terceiro – enterrados na vala comum dos direitos de toda a classe.

Por isso, a luta pelo fim das duplas e triplas jornadas de trabalho e por salário igual para trabalho igual se faz extremamente necessária e urgente. Esta não é somente uma luta das mulheres, mas de todos os trabalhadores, que trazem sobre os ombros o peso da exploração e do capitalismo.