Ao contrário das comemorações petistas, resultado mostra que paulistanos não vêem diferenças entre petistas e tucanosA comemoração que vem sendo feita por setores do PT paulistano (e também nacional) do índice de rejeição conquistado pelo prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), nos seus primeiros cem dias de mandato precisa ser analisada com um pouco mais de calma. Não se trata simplesmente de um sintoma da óbvia incapacidade administrativa de Serra, que já era mais do que clara a qualquer pessoa que se desse ao trabalho de assistir à campanha eleitoral de 2004, mas também um sinal claro de que não há diferenças com o “modo petista de governar”.

Em pesquisa divulgada no último domingo, dia 10, pelo jornal Folha de S. Paulo, Serra alcança a incrível marca de 37% de rejeição entre os paulistanos. Segundo o jornal, na mesma pesquisa, 70% afirmam estar “decepcionados” com Serra. Este índice é o pior já registrado neste tipo de pesquisa, que começou a ser realizada pelo Datafolha (instituto de pesquisas da Folha) em 1986. De acordo com o jornal, Serra conseguiu superar, em impopularidade, ex-prefeitos como Luíza Erundina e Celso Pitta.

Depois do anúncio do resultado da pesquisa, o tucanato voltou a atribuir o péssimo desempenho do prefeito à famigerada “herança maldita” que teria sido passada pela ex-prefeita Marta Suplicy (PT). Segundo Serra, obras inacabadas, dívidas e paralisação da máquina administrativa seriam alguns dos exemplos dessa herança.

O “modo petista de governar”
Ao contrário do que setores do PT tentam afirmar, a pesquisa revela que a população paulistana começa a perceber que foi enganada e que não existe diferença alguma entre o “modo tucano de governar” e o “modo petista de governar”.

O desgaste acumulado pelo governo Lula se refletiu na derrota de Marta Suplicy em São Paulo, ou dito de outro modo, muitas pessoas, decepcionadas com o PT, votaram no PSDB para punir o governo do PT, o que resultou numa derrota eleitoral dos petistas no conjunto das eleições municipais. A oposição burguesa se aproveitou desse desgaste para conduzir uma propaganda mentirosa, para enganar a população e se apresentar como “alternativa”.

A rejeição contra Serra não permite dizer que as pessoas estão parando nas esquinas e pensando “ai, que saudades da Marta!”. Ao contrário, a gestão Marta foi um exemplo – para ser mais preciso, foi vitrine – da administração neoliberal do dito “modo petista de governar”: pagou a dívida municipal com a União em dia, esteve envolvida com diversos casos de corrupção, como no caso das empresas que coletavam o lixo sem licitação e que financiaram sua campanha eleitoral, e favoreceu os cartéis do transporte coletivo.

A pesquisa indica apenas que a população começa a perceber as artimanhas e mentiras típicas da democracia dos ricos e que, tanto tucanos, como Serra e Alckmin, como petistas, como Marta e Mercadante, são farinha do mesmo saco. Como alertava o candidato do PSTU à prefeitura de São Paulo, Dirceu Travesso, todos têm o mesmo sobrenome: FMI.