Estudo desmente suposta concentração de estudantes “ricos”, sempre usada como justificativa e pretexto para medidas de privatizaçãoSucessivos governos e estudiosos a serviço dos empresários da educação tentam ganhar a opinião pública para propostas como cobrança de mensalidades e taxas, argumentando que o Estado não deve arcar com o financiamento de instituições que beneficiam apenas os filhos da elite econômica do país.

Esse discurso foi desmontado mais uma vez ontem, em pesquisa que divulgou o perfil dos estudantes nas universidades federais. Entre 2003 e 2004, 33.958 estudantes foram entrevistados em 47 instituições. Realizado pelo Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis, com apoio da Andifes e do Ministério da Educação, o estudo demonstra numericamente que 84,5% dos universitários possuem renda familiar de até R$ 2.804,00 – a grande imprensa deu destaque aos 57% que pertencem às classes A e B, dado que distorce a realidade.

Quase a metade dos alunos cursou o ensino médio em escola pública, integral ou parcialmente, e 60% utilizam transporte coletivo. Quanto à questão racial, os negros seguem sendo minoria (5,9%), prova de que a educação superior ainda é para poucos.

Esses dados atestam as mentiras que utilizam aqueles que querem privatizar a universidade e que hoje tentam aprovar a reforma Universitária. Mas também demonstram que o acesso ao ensino superior continua desigual – uma evidência disto é que apenas 2,4% dos isentos de taxa de inscrição foram aprovados no último vestibular da USP.