A pesquisa CNT/Sensus divulgada no dia 13 de setembro mostrou o impacto dos escândalos de corrupção sobre o governo, a figura do presidente e sobre a desconfiança da população no regime democrático-burguês. A pesquisa consultou duas mil pessoas em 195 municípios, entre os dias 6 e 8 de setembro.

Popularidade em queda
A pesquisa mostrou que a avaliação do presidente sofreu um forte abalo com as denúncias feitas em agosto, que o envolveram diretamente. A porcentagem dos que consideram o governo Lula bom ou ótimo caiu de 40,3% em julho para 35,8% em setembro. O índice dos que o consideram ruim ou péssimo subiu de 20% para 24% nesses dois meses.

A avaliação sobre o desempenho pessoal de Lula também caiu. Em julho, 59,9% aprovavam a atuação pessoal do presidente, contra 30,2% que desaprovavam. Em setembro, 39,4% desaprovam o desempenho de Lula e 50% aprovam.

Apesar dos discursos do presidente e dos ministros ressaltarem que apesar da crise, a economia está uma maravilha, parece que a população não concorda com isso. Questionados sobre a condução da política econômica, 52,1% dos entrevistados disseram que ela é inadequada contra 34,9% que a consideraram adequada. Em julho, 46,1% consideravam-na inadequada e 40,2% adequada. O número dos que discordam da condução da economia cresceu, portanto, 12% em dois meses.

Sobre os discursos que Lula vem fazendo por todo o país para tentar reverter sua imagem, a maioria não cai mais na conversa do presidente. Cerca de 38,9% não acreditam nos discursos de Lula, 31% acreditam e 26% acreditam em uma parte daquilo que o presidente fala.

Corrupção
A pesquisa confirmou que a população está acompanhando os noticiários sobre a crise política. Cerca de 79% dos entrevistados ou acompanham ou pelo menos ouviram falar da crise. Outro dado mostra que 54% acham que a corrupção aumentou no governo Lula. Esse índice era de 40,3% em julho.

A comparação entre a corrupção no governo Lula e no governo FHC também mudou. Cerca de 48% avaliam que a corrupção é maior no governo Lula e 16,8% que ela é menor. Esse índice sofreu uma verdadeira inversão, pois em julho, 31,4% achavam que a corrupção era menor na era Lula e apenas 26,7% pensavam que era maior.

Não foi só nesse item que a realidade se inverteu para o presidente Lula. Em julho, 45,7% dos entrevistados achavam que o presidente não tinha conhecimento sobre os casos de corrupção, contra 33,6% que achavam que ele sabia. Em setembro, 49,5% dizem que Lula sabia da corrupção.

Crise das instituições
Não foi somente o governo e os parlamentares que perderam a credibilidade da população. Depois de meses de escândalos provando que a bandalheira é generalizada, se alastrando por diversos partidos, pelo Congresso e pelo Planalto em geral, é o próprio regime democrático-burguês que não tem sua credibilidade posta à prova.

Cerca de 33,2% dos entrevistados opinaram que a corrupção se encontra igualmente nos três poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário. Além disso, 22,6% acham que a corrupção ocorre mais no poder Legislativo, 16,1% que ela está mais no Executivo e 12,7% acham que é maior no Judiciário.

Sobre as intenções de voto para as eleições de 2006, o que mais impressiona é o número de votos nulos, brancos e indecisos, que chega a 59% dos entrevistados na pesquisa espontânea. Nos cenários pré-estimulados pelo instituto, Lula não ganha em primeiro turno.

Os dados também mostraram que o povo não confia na CPI para resolver a crise. Apenas 15,5% acham que todos os envolvidos serão cassados pelas CPIs. Cerca de 55,1% acham que apenas alguns envolvidos serão cassados e 24,1% opinam que nenhum dos envolvidos será cassado pelo trabalho das comissões.

Diante da descrença nas instituições, é preciso que a solução para a crise se dê nas ruas e que a população não caia no ceticismo. A construção de uma alternativa de direção para as lutas é decisiva para isso.