Paulo Cezar dos Santos Souza, 40 anos, tesoureiro da Associação Homens do Mar (Ahomar), foi morto com cinco tiros no rosto e na nuca, na frente da mulher e dos filhos. A informação é do jornal Folha de S. Paulo. O crime bárbaro ocorreu na sexta-feira, 22, por volta das 23h. Três homens invadiram a casa do pescador em Magé, a cerca de 60 quilômetros da cidade do Rio de Janeiro.

A Ahomar reúne pescadores da cidade de Magé e se opõe a um projeto da Petrobras que está sendo executado pelo consórcio GLP Submarino, que reúne as empresas GDK S.A. e Oceânica. As obras haviam sido embargadas pela prefeitura naquele mesmo dia. O projeto faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal.

Dois dutos para escoamento de gás de cozinha estão sendo construídos na baía de Guanabara, onde os pescadores jogam suas redes. Desde o início das obras, os trabalhadores estão impedidos de trabalhar. Além disso, eles denunciam que há danos ambientais e que as embarcações das obras têm provocado acidentes. Por isso, iniciaram uma mobilização contra o projeto.

No início do mês, o presidente da Ahomar, Alexandre Anderson, também sofreu um atentado a tiros. O crime mobilizou movimentos sociais e sindicais. Atos de protestos foram realizados.

Na época, Anderson escreveu uma carta às entidades de direitos humanos em que comunicava que estava indo embora de sua casa com a esposa e o filho porque havia sofrido o atentado. “Chegando da pesca, fui recebido a tiros, vindos da direção do canteiro de obras do projeto GLP da baía de Guanabara, onde verifiquei dois indivíduos correndo para minha direção”, contou.

Ele também relatou que recebia constantemente ameaças por telefone, “justamente no mesmo período em que vem acontecendo o protesto dos pescadores em Praia de Mauá, em frente ao canteiro do Projeto GLP – Petrobras S.A.”.

Em nota, a Agência Petroleira de Notícias disse que “desde que a obra começou, nem a Petrobras nem as duas empresas contratadas se dispuseram a ouvir as razões dos pescadores. Em resposta à indiferença e ao que entendiam como um desrespeito aos seus direitos econômicos, sociais, políticos e culturais, os pescadores radicalizaram, bloqueando a entrada do canteiro de obras”.

O fato fez com que as entidades do movimento e de direitos humanos exigissem das autoridades a apuração dos fatos e a punição dos culpados. No entanto, parece que nada foi feito para evitar esta tragédia.