Entrevista com Alfredo Persicón, estudante de Psicologia da Universidade de San Marcos, representante eleito dos estudantes, delegado de base do ano de 2001 e membro da Juventude Socialista do Partido Socialista dos Trabalhadores, seção da LIT-QI

Por David Cavalcante e Gustavo Amado, de Lima/Peru

Como está a situação em geral nas universidades peruanas e em San Marcos, especificamente?

Passamos por uma época de repressão com a ditadura de Fujimori, onde os estudantes, professores e trabalhadores tivemos que enfrentar os ataques do plano neoliberal e podiam despedir os trabalhadores a qualquer hora, os alunos sofreram perseguições, os dirigentes estudantis foram presos e expulsos, houve repressões e havia militares dentro do campus com rifles ao nosso lado.

Houve também elitização das Universidades através de seleções mais difíceis e diminuição de vagas, só os estudantes que tinham mais dinheiro podiam pagar cursos preparatórios para passar nas seleções. Depois se produziu o pagamento de matrícula que era simbólico foi aumentando. No ano 2000, queriam impor um pagamento escalonado implicando, por exemplo em San Marcos, aumentos de $ 20 soles semestrais para até 600 soles, isso de acordo com a procedência do estudante dos colégios secundários.

Neste momento, houve uma resposta nacional inciando uma mobilização estudantil coincidindo com a crise do governo Fujimori, na época em que cresceu as lutas para derrubar o governo da ditadura, várias faculdades se mobilizaram e as lutas se politizaram superando o patamar academicista, inclusive com ocupações, até aí era um crime questionar um professor. Os aumentos foram derrotados, algumas faculdades se mantiveram com baixos valores e outras acabaram com suas taxas de matrículas, vários diretores de faculdades e as comissões interventoras da ditadura caíram. Nesta conjuntura, caiu Fujimori.

E o governo Toledo mudou a política de Fujimori?

O governo Toledo aprofundou o modelo neoliberal da época anterior. Inaugurou políticas como do tipo que a Universidade pública agora pode pedir um empréstimo a uma empresa privada e a Universidade tem que pagar com juros o empréstimo. Por isso, já estão planejando aumentos para as taxas de matrículas e pagamentos mensais escalonados de acordo com o colégio de procedência, além dos investimentos privados das empresas para cobrir a diminuição das verbas públicas e modificar o caráter das formação dos esturantes para prepará-los apenas como tecnocratas a serviço do mercado.

Sabemos que o governo e o Congresso estão preparando um novo ataque, até o final do ano, com a elaboração de uma nova Lei para as Universidades até o mês de novembro, antes da aprovação do orçamento, que atualmente é de 6% para as Universidades publicas.

Como os estudantes estão preparando a luta para derrotar o projeto de Toledo e qual o papel da Juventude Socialista?

Estamos lutando pela unidade dos estudantes para mobilização, a partir de Psicologia, e poder, a partir das bases, com assembléias e chamando outros cursos, para preparar a luta conjunta em San Marcos e nas Universidades das Províncias, aí também é preciso unificar a luta com professores e trabalhadores para derrotar a nova lei univesitária que está prevista para ser votada no Congresso. Um problema que teremos são as principais direções do movimento que vão querer negociar modificações nesta Lei e nossa política é mobiizar para derrotar este projeto.

Lutamos também pela democratização da Universidades para que os estudantes, trabalhadores e professores possam decidir nas assembléias de base como instâncias deliberativas reconhecidas, além da garantir 50% para os estudantes nos órgãos dirigentes porque atualmente temos 1/3 de representação e esta proporção só serve para aprovar os projetos do governo. Assim, queremos uma nova lei debatida e decidida pela comunidade universitária, decidida pelas bases, o auto-governo nas Universidades.

A Juventude Socialista e o PST estarão aí, à frente destas lutas e apresentando uma alternativa de organização política para o conjunto da juventude em alternativa às direções traidoras que não mobilizam e assim, sustentam o projeto de Toledo.

Para terminar…

Por fim, uma grande saudação à juventude do Brasil que também terá que enfrentar a Reforma Universitária do governo e dizer que nossa luta é internacional, nós universitários temos um importante papel contra a privatização das Universidades e na construção de partidos socialistas que possam lutar pela revolução da classe trabalhadora.