Trabalhadores peruanos garantem participação no Encontro Latino-Americano e Caribenho de TrabalhadoresNo dia 31 de janeiro, a sede da Confederação Nacional Agrária (CNA), em Lima, Peru, ficou lotada de ativistas sindicais e populares. Aconteceu o encontro preparatório para a participação dos ativistas peruanos no Encontro Latino Americano e Caribenho de Trabalhadores que será realizado em julho no Brasil.

O pré-encontro peruano contou com a participação bastante ativa de 80 pessoas representando 20 sindicatos. Muitos ativistas tomaram a palavra para falar de suas lutas, como os trabalhadores têxteis de Lima que sempre estão em mobilização, pois 80% do setor são trabalhadores contratados. Quando vencem os contratos, eles não têm direito a nada, sequer à indenização.

Rony Cueto esteve falando de sua experiência na forte greve mineira de 68 dias, na mina de Shougang, que fica na cidade de Marcona. Depois da greve, Rony ficou 57 dias preso sob falsas acusações. No Peru, como em toda América Latina, quem luta sofre o ataque do Estado que tentar criminalizar os ativistas, pois esta é uma forma de desmoralizar as lideranças.

No pré-encontro, contudo, o que ficou nítido foi que os ativistas – tanto sindicais quanto populares – estão mais firmes do que nunca. Entre tantas lideranças que participaram, um destaque foi a companheira Julia Quispe, da CNA, que defendeu a unidade entre a cidade e o campo para lutar. O próprio CNA, no dia 18 de fevereiro, ou seja, alguns dias depois do encontro, liderou uma paralisação nacional agrária, em que foram mortos quatro companheiros pelas armas do exercito peruano de Alan García. Muitos outros ficaram feridos, e centenas foram encarcerados. Muitos ainda continuam presos.

Na reunião, além de mineiros, têxteis e camponeses, estiveram professores, trabalhadores da construção civil, da saúde, de empresa fornecedora de água em Lima, ceramistas, funcionários de universidade e ativistas do movimento social. Todos exaltaram a importância do encontro para unificar a classe trabalhadora. Ressaltaram que a recém-criada Coordenadora de Bases em Luta, que promoveu o encontro, deverá ser fortalecida para organizar os trabalhadores.

Representando os organizadores do Encontro Latino Americano e Caribenho de Trabalhadores (Elac), estavam Toninho Ferreira e Adilson dos Santos, presidente do sindicato dos metalúrgicos de São José dos Campos. O que impressionou os brasileiros foi a juventude dos ativistas, a garra e a disposição de luta dos participantes. Foram criadas centenas ou milhares de sindicatos independentes em todo o Peru.

Nesta mesma reunião, foi votada a participação dos trabalhadores peruanos no Elac e as formas para financiar a viagem. Para manter o caráter classista e combativo do encontro, quem financiará os custos são os próprios trabalhadores. A arrecadação de fundos para viajar ao Brasil e para divulgar o Encontro no Peru já começou, garantindo a participação peruana.