Petroleira foi demitida por ?insubordinaçaõ e desacato?, em uma clara perseguição políticaAna Paula Aramuni é a primeira trabalhadora mulher de uma estatal ligada ao petróleo demitida no Governo Dilma. Nesse caso, ainda mais grave. A petroleira demitida nesta sexta-feira, 4 de maio, trabalha no Terminal de Cabiúnas, no Norte Fluminense, que refina a maior parte do gás natural do país e está em período de estabilidade por ser ex-membro da Cipa e atual candidata ao Conselho de Administração (C.A.) da Transpetro. A indignação que já toma conta da categoria precisa, mais do que nunca, se reverter em uma ampla campanha nacional pela reintegração imediata de Ana Paula. Como o governo de uma mulher pode demitir uma trabalhadora apenas por ela querer defender o direito dos trabalhadores?

Entre as justificativas apresentadas pela empresa estão “insubordinação, desacato aos superiores e indisciplina”. Ana Paula estava no trabalho quando, na hora do almoço, foi surpreendida por um chamado na sala de Recursos Humanos da empresa. Estava presente a mesma profissional que assinou sua carteira de trabalho, dessa vez para informar seu desligamento definitivo da estatal.

O objetivo é bem claro: impedir que Ana se torne a representante dos trabalhadores no C.A. da Transpetro. Nos últimos meses a Petrobrás amargou a eleição de um candidato apoiado pela Frente Nacional dos Petroleiros (FNP) para o Conselho de Administração da Petrobrás, Sílvio Sinedino. Como o Terminal de Cabiúnas é uma das maiores bases da empresa no país, a eleição de Ana sempre foi apontada como bastante provável por todos. Mas em uma base que hoje produz cerca de 80% do petróleo brasileiro e cujo sindicato faz parte da Frente Única dos Petroleiros (FUP), ter a possibilidade de eleger uma representante de luta, independente do governo e combativa seria mais um “presente de inimigo” para a empresa e o governo.

Vale lembrar que a demissão, além de ter um objetivo político nítido, ainda extrapola a legalidade também nos marcos do regimento da Transpetro. Segundo a norma que regula as eleições para o Conselho Administrativo, fica impedida qualquer demissão de empregado que esteja concorrendo ao cargo de representante.

Quem é Ana Paula?
Além de ser mãe de quatro filhos, Ana Paula (29) trabalha na Transpetro há cinco anos. Tornou-se conhecida em toda base de Cabiúnas por ser lutadora, defender os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras e, também, ser porta-voz das exigências de segurança no trabalho. Foi a mais votada nas eleições da Cipa 2010/2011. Só não é atual membro pois não pôde participar novamente do processo, já que fez parte dos dois mandatos consecutivos anteriores. Ana participou de várias comissões sobre benzeno e outras questões relativas à segurança dos trabalhadores. Ainda, participou da última eleição para o sindicato, enquanto membro da chapa “Oposição Unificada”, que teve 44% dos votos. Este ano chegou a denunciar no Ministério Público algumas ações irregulares que ocorrem na Transpetro, o que deixa mais um vestígio da tentativa de calar a trabalhadora a partir de demissão.

O caso de Ana não é isolado no Terminal de Cabiúnas e no Norte Fluminense
Além de Ana Paula, outros trabalhadores estão sendo perseguidos no Norte Fluminense, como outros membros da Oposição Unificada que estão sendo perseguidos também nas plataformas de petróleo. No Terminal de Cabiúnas, em Macaé, a regra executada pela chefia tem sido retirar direitos e instaurar comissões internas para quem decide lutar em prol dos petroleiros, que hoje se sentem coagidos. Só este ano quatro comissões disciplinares foram realizadas, com o objetivo de amedrontar a categoria, conhecida nacionalmente pela combatividade. Houve ainda a punição de dois trabalhadores, além das punições veladas no setor de manutenção operacional, retirada de direitos como permuta com dobra, desconto salarial para quem participa de assembleia do sindicato e separação entre operadores de painel e da área.

Realizar ampla campanha pela imediata reintegração de Ana
Convocamos todos os trabalhadores do Norte Fluminense e petroleiros do país, além de entidades e sindicatos a realizarem uma ampla campanha em defesa da reintegração imediata de Ana Paula. Além de injustificável e ilegal, a demissão da trabalhadora tem um objetivo político nítido, calar quem luta e amedrontar toda a categoria petroleira que, historicamente, é conhecida por ser vanguarda na luta em defesa de seus direitos, como a partir das campanhas nacionais em defesa do petróleo brasileiro.

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