Leia declaração do Corriente Roja, da Espanha, sobre o 8 de março e a luta das mulheres no paísMilhões de mulheres em todo mundo sairemos à rua neste dia, que não é só um dia de luta por nossas reivindicações trabalhistas, senão pelos direitos de todas as mulheres da classe trabalhadora. Por isso, esta convocação diz respeito a todas nós: empregadas fixas, precárias ou sem contrato, estudantes, pensionistas e em geral todas as mulheres que diariamente trabalhamos, de forma remunerada ou não, para poder subsistir dentro deste sistema.

O capitalismo é sinônimo de opressão
Na Europa, os cortes sociais e reformas que os governos estão impondo para salvar o sistema e pagar a dívida aos banqueiros, estão acabando com os poucos direitos de igualdade que as mulheres fomos capazes de conseguir nestes anos. No Estado Espanhol as medidas aprovadas pelo novo governo lacaio de Mariano Rajoy são uma boa mostra disso:

1. O congelamento de salários e pensões nos torna cada vez mais pobres e dependentes economicamente, tendo em conta que nossos salários são entre 20 e 30% mais baixos que os dos homens, e nossas pensões – em especial a de viuvez – são de miséria. E o que dizer do congelamento do salário mínimo, especialmente prejudicial para as mais de 600.000 mulheres dedicadas ao serviço doméstico, que com a nova lei ainda não têm nem direito ao salário desemprego, e cuja retribuição se fixa tomando o SMI (Salário Mínimo Interprofissional) como referência.

2. Os cortes sociais na Previdência, Educação, Serviços Sociais e Dependência , e em geral o desmantelamento do setor público, cujo objetivo é que seja a classe trabalhadora quem pague a fatura da crise, é um ataque em primeiro lugar às mulheres. Porque somos maioria nos empregos do setor de serviços e nas administrações públicas, onde diminuem os postos de trabalho, e vem aplicando a falta de pagamento ou a contínua redução de salários, jornadas trabalhistas e registros para material.

E somos as mulheres quem além das tarefas domésticas, temos que nos encarregar dos cuidados de pessoas idosas, doentes ou menores. Um trabalho social não remunerado nem reconhecido socialmente, do qual se aproveitam os capitalistas e o Estado não toma conhecimento. Não em vão, um recente relatório do CISC revela que se o trabalho não remunerado que se faz em casa se contabilizasse, seria em torno de 53% do PIB, uns 500 bilhões de euros.

3. A recente reforma trabalhista aprovada pelo governo de Rajoy não só mantém para nós a desigualdade salarial, senão que introduz elementos novos que aumentam a desigualdade. Limita-se o direito à licença maternidade, na qual só poderão ser amparados o pai ou a mãe, mas não os dois, permite à empresa passar por cima, de forma legal, aos poucos planos de igualdade aprovados em acordos coletivos, e limita ainda mais o direito de conciliação da vida trabalhista e familiar, que é condicionado “as necessidades produtivas e organizativas das empresas”.

4. Os cortes também afetam às políticas de igualdade. Se as leis a favor da mulher aprovadas nestes anos nunca contaram com orçamento suficiente, com o governo de Mariano Rajoy, se encontram paralisadas. Fecham-se centros e dispositivos de atenção à mulher, e enquanto se recrudesce a violência machista que assassina 12 mulheres a cada ano em algumas comunidades como Castilla la Mancha. As Casas de Acolhimento a mulheres vítimas de violência machista se vêem obrigadas a fechar ou funcionam com pessoal insuficiente.

5. Por último, a anunciada futura reforma da Lei de Saúde Sexual e Reprodutiva, que se faz eco dos setores mais conservadores e dos sermões misóginos da Igreja católica (que no meio da crise econômica volta a ser subvencionada com mais de 13 mil euros neste ano), pretende limitar ainda mais nossos direitos sexuais e reprodutivos já condicionados pela atual lei, reduzir despesas da previdência pública e de passagem permitir que as clínicas privadas continuem lucrando, fazendo do aborto um negócio.

Para acabar com o machismo e a exploração, só há um caminho: Organizar-se e lutar!
A opressão das mulheres não só afeta a elas, senão ao conjunto da classe trabalhadora, porque o capitalismo utiliza o machismo e outras formas de opressão, sobretudo em tempos de crises, para dividir à classe trabalhadora, reduzir os salários e aumentar a exploração. Nós de Corriente Roja lutamos não só para nos defender dos ataques, senão para acabar com este sistema capitalista e patriarcal que nos oprime e nos explora cada vez mais.

Por isso, na próxima quinta-feira 8 de março sairemos à rua para reivindicar nossos direitos como mulheres trabalhadoras, e no dia 11 iremos às manifestações convocadas pela CCOO (Confederação Sindical das Comissões Operárias) e UGT (União Geral dos Trabalhadores) para exigir a [Ignácio Fernandez] Toxo e [Cândido] Méndez que convoquem de uma vez, como já foi feito na Galícia e no País basco, a Greve Geral que precisamos para barrar esta reforma trabalhista e o plano de ajuste do governo Mariano Rajoy. Venham e se organizem conosc@s!

Participe nas manifestações deste 8M (08 de Março) para exigir:

  • Greve geral ara barrar a nova reforma trabalhista e os planos de ajuste!
  • Trabalho igual, salário igual! Redução da jornada de trabalho sem redução de salário.
  • Basta de cortes e privatização dos serviços públicos!
  • Basta de violência contra as mulheres! Recursos e meios suficientes para as mulheres agredidas!
  • Aborto livre, gratuito e sem objeção de consciência na Seguridade Social!
  • Não mais aulas de religião, não mais subvenções à Igreja Católica!

    Fonte: www.corrienteroja.net

    Tradução: Rosangela Botelho