Os processos revolucionários e o avanço da consciência antiimperialista das massas mostraram a necessidade de ruptura com o imperialismo para conquistar a verdadeira independência nacional. Essa tarefa é fundamental para que os povos recuperem sua soberania e o controle de suas riquezas naturais. Mas a luta pela libertação nacional está combinada com as tarefas de libertação social. Não há possibilidades de conquistar nossa soberania, se não a colocarmos a serviço dos trabalhadores, combatendo os exploradores nacionais.

No processo de recolonização do continente, ganha uma importância particular a crise energética que o imperialismo norte-americano enfrenta. A maior economia capitalista do planeta consome 26% de todo o petróleo produzido no mundo. Mas as suas reservas petrolíferas estão rapidamente se esgotando. Estudos indicam que elas irão acabar em pouco mais de 10 anos. No próximo período, a previsão é de que o país importe mais de 60% de todo o gás e petróleo que consome.

Daí vem a enorme necessidade do imperialismo de controlar a exploração plena do petróleo e do gás, por meio de guerras (no caso do Oriente Médio) ou de planos de dominação econômica implementados por governos latino-americanos, com as privatizações de petroleiras e entrega de reservas para as multinacionais etc. Hoje, cerca de 40% das exportações norte-americanas de petróleo provém da América Latina.

A luta em defesa do gás e do petróleo deve se estender por toda a América Latina. É preciso uma luta continental pela defesa de uma das riquezas mais estratégicas do mundo, exigindo a nacionalização das riquezas naturais com a completa expropriação das multinacionais, a reestatização das estatais petroleiras privatizadas e o fim da entrega das reservas a exploração das multinacionais.

Por mais extraordinária que seja a atual situação latino-americana, nenhuma dessas tarefas foi cumprida, e os países continuam sendo explorados pelo imperialismo, mesmo sob governos com discursos “antiimperialistas”.

Em nossa opinião, isso tem a ver com a natureza dos governos de “esquerda” do continente, que ao não romperem com o neoliberalismo, reconduzem os países no caminho da subordinação colonial e da reestabilização do regime. Na medida em que cumprem esse papel, até mesmo as vitórias parciais dos trabalhadores como, por exemplo, o decreto boliviano da nacionalização do gás, pouco a pouco retrocedem. Só os trabalhadores serão capazes de cumprir essas tarefas.

Para avançar na luta pela segunda independência da América Latina, é fundamental a construção de uma direção revolucionária que trave de forma conseqüente à luta contra a recolonização.
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