Neste dia 1°, a presidente Dilma visita o Haiti. A presidente pretende encontrar Michel Martelly, o novo presidente do país. O principal tema em pauta no encontro será o prazo de permanência das tropas brasileiras que ocupam o país. Desde 2004, o exército brasileiro chefia a chamada MINUSTAH, cujo contingente militar é de 7.340 soldados. Mais de 15 soldados brasileiros já passaram pelo Haiti, e hoje cerca de 2.000 homens fazem parte da MINUSTAH.

Dados oficiais mostram que nesse período foram gastos R$ 1 bi com a “missão brasileira”. Mas enganam-se aqueles que pensam que todo esse dinheiro foi para “melhorar” as condições de vida do povo haitiano ou para “trazer a paz”. Desde 2004, a MINUSTAH foi alvo de inúmeras denúncias e acusações. Desde inúmeros casos de estupros e assassinatos até a responsabilidade de levar ao país uma epidemia de cólera.

Após o terremoto, que atingiu o país em 2010 matando mais de 200 mil pessoas, o governo e imprensa tentaram mostrar as tropas brasileiras realizando supostas ações humanitárias. Contudo, o que se viu foi mais repressão.

A ocupação militar não permite ao povo ter sequer o direito à livre manifestação, pois a Minustah atua, junto com a polícia local, como agente repressor, como aconteceu em greves realizadas pelo movimento operário, que defendiam reajuste no salário mínimo, ou ainda em atos do 1º de Maio.

Quem agradece a presença das tropas brasileiras são as multinacionais, especialmente as do setor têxtil, que tem lucrado muito com a mão-de-obra mais barata das Américas. Nos últimos anos, foram instaladas zonas francas no Haiti para abrigar as empresas, a maioria norte-americana.

Desde 2004, governo brasileiro garante a paz que as multinacionais precisam para superexplorar o povo haitiano. Isso significa garantir que os trabalhadores não se revoltem e não se mobilizem contra a situação a eles imposta.

Nas últimas semanas, porém, caiu a máscara da suposta “preocupação” que o governo brasileiro tem com os haitianos. Recentemente, o governo decidiu limitar o numero de vistos aos haitianos que fogem para o Brasil. O colapso do país e a situação de miséria obrigaram milhares de haitianos a fugirem para nosso país. Algo que mais uma vez comprova que a prometida reconstrução do Haiti, necessária após o terremoto, não aconteceu. Por outro lado, a medida discriminatória lembra as famosas restrições a imigrantes praticadas pelos países imperialistas, como os EUA e as nações ricas da Europa. Não bastasse a absurda intervenção militar, agora o governo toma essa atitude que só reforça a discriminação contra o já sofrido povo haitiano.

A ocupação do Haiti é uma mancha na história brasileira. É preciso dar uma basta à ocupação. É preciso exigir do governo Dilma a retirada imediata das tropas brasileiras. Como pode haver liberdade em nosso país enquanto o governo insiste em uma ocupação militar a serviço da opressão? Os trabalhadores haitianos precisam ter liberdade para se organizar e lutar em defesa dos seus interesses e por um país justo. Também tem direito de lutar por um governo que realmente atenda os interesses do povo pobre e não aos interesses da burguesia entreguista e associada ao capital internacional.

Por isso, neste dia em que Dilma visita o Haiti, chamamos as entidades sindicais, estudantis, populares, partidos políticos, organizações de defesa dos direitos humanos, para construir a mais ampla unidade possível para exigir a retirada imediata das tropas do Haiti.