Os metalúrgicos em São José dos Campos mostram que é possível vencer as demissões, e que isso só pode ser feito através de mobilizações. Desde dezembro, o país assiste a uma verdadeira onda de demissões e isso já se reflete no desemprego, que em janeiro foi o maior em mais de dez anos.

Diante desse cenário, a grande maioria das centrais sindicais se adianta em vender os direitos e salários dos trabalhadores em troca da manutenção no emprego. A mídia e o governo estimulam acordos desse tipo. A Conlutas, porém, aponta o caminho da luta direta como único meio de manter os empregos. Como no caso da Embraer.

A mobilização dos trabalhadores na empresa, porém, enfrenta obstáculos. A proposta do sindicato e da Conlutas era a paralisação da fábrica pela reintegração dos demitidos. Mas não foi possível, por vários fatores. Grande parte dos trabalhadores ainda nutre ilusões no governo Lula e acredita que a crise é passageira, que tem data para terminar. Além disso, a Embraer mantém uma postura repressora, coibindo qualquer prática sindical na empresa.

Outro obstáculo para mobilizar os trabalhadores é o medo da demissão e a falta de experiência na luta sindical. Para muitos trabalhadores da Embraer, a mobilização é uma novidade. Nos últimos três anos, eles estiveram ligados ao Sindicato Aeroespacial, forjado pela CUT, com a direção da empresa. A manobra pretendia retirar na Justiça a representatividade do Sindicato dos Metalúrgicos. Felizmente, no ano passado, ela foi reconquistada.

Só a luta direta dos trabalhadores pode derrotar as demissões. A solução para defender os empregos não passa por diminuir salários e direitos, como dizem as centrais pelegas, a imprensa e o governo. O único meio é através da redução da jornada sem redução dos salários, fazendo com que a demanda e o ritmo da produção se ajustem.

Acima de tudo, é preciso reestatizar a Embraer, sob controle dos trabalhadores. Os lucros que a empresa teve nos últimos anos foram à custa do financiamento público. Não é possível que o governo continue financiando as demissões.
Isso sem falar que a reestatização reverteria a fraudulenta privatização realizada nos anos 90 e sustentada com recursos públicos, do BNDES. A reestatização é a unica maneira de fazer com que a Embraer se torne novamente uma empresa nacional. Se Lula estivesse realmente “indignado”, teria anunciado essa medida. A luta na Embraer deve mostrar que a crise deve ser paga com os lucros das empresas, não com os empregos.

A Conlutas está preparando uma moção, exigindo a reintegração dos demitidos e a reestatização da empresa. Ela será levada ao movimento sindical, social e popular, como forma de impulsionar a luta e a solidariedade à mobilização dos trabalhadores da Embraer.

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