Candidaturas do PSTU denunciarão a corrupção como parte da ?democracia? em que vivemosO povo pobre brasileiro já tem como parte de sua rotina ouvir falar de algum novo caso de corrupção, tendo os mais diversos protagonistas. Foi assim na “Privataria”, as privatizações de Fernando Henrique. Foi assim no mensalão de Lula. É longa a lista dos envolvidos nos escândalos. Um pequeno esforço de memória e teremos José e Roseana Sarney, Collor de Mello, Renan Calheiros, PC Farias, Roberto Jefferson, José Dirceu, e por aí vai. Em cada estado, o leitor pode aumentar sua lista, com vereadores, prefeitos, deputados estaduais, governadores, deputados federais e senadores. Não podemos esquecer juízes, no estilo do Lalau.

Na imprensa e nos parlamentos, todos condenam a corrupção. Mas, tanto a direita como a maioria da esquerda, apresentam uma crítica aos escândalos que tenta fazer a corrupção parecer como um “desvio”, um “mau funcionamento” do regime, cuja vocação seria a da “lisura” e da “transparência”. O PSTU, por outro lado, acredita que a corrupção, que vem à tona de forma tão frequente, é, na verdade, parte do funcionamento natural da “democracia” em que vivemos, a democracia dos ricos.

Balcões de negócios
Tendo suas campanhas financiadas por grandes empresas, é de se esperar que parlamentares, prefeitos e governadores ofereçam “compensações” aos seus apoiadores. Afinal de contas, dali a quatro anos vai haver outra eleição… Essa lógica transforma os parlamentos e palácios de governos em verdadeiros balcões de negócios, onde lobistas de grandes empresas transitam amplamente, em busca de contratos, favorecimentos em licitações, emendas orçamentárias ou mesmo a aprovação de leis que as favoreçam.

De dois em dois anos os trabalhadores vão às urnas e elegem vereadores, prefeitos, deputados, governadores e presidente. Mas, entre uma eleição e outra, não têm o mínimo direito de controlar as decisões desses senhores. Dessa forma, os ditos “representantes do povo” têm completa liberdade para atuarem, na prática, como representantes das grandes empresas.

Assim, o que eles chamam de “democracia” é, na verdade, uma ditadura disfarçada dos ricos sobre os pobres. Afinal, esse regime, que com a corrupção se torna uma plataforma para o enriquecimento individual, é todo moldado para sustentar privilégios – inclusive legalmente ou “de forma transparente”. Aos ricos, tudo é permitido; aos pobres, o trabalho pesado e o rigor da lei.

Por isso, o PSTU apoia todas as lutas contra a corrupção, mas acredita que, para ir a fundo nelas, é preciso levantar bandeiras que traduzam a luta por um novo regime político, em que os trabalhadores controlem, de fato, as grandes decisões do país.
Par avançar nesse sentido, as candidaturas do PSTU defenderão a prisão e o confisco de bens de todos os corruptos, mas também dos corruptores; que todos os mandatos sejam revogáveis a qualquer momento; que nenhum político receba mais que um trabalhador comum e que não tenha qualquer privilégio, etc.

Chegou a hora de dizer: Fora Cabral!
Aqui, no Rio, temos um grande exemplo de corrupção generalizada. Parece que foi ontem que a população do Rio de Janeiro assistiu pela televisão o governador, Sergio Cabral, transtornado, xingando os bombeiros. ‘Vândalos’, ‘desordeiros’, ‘vagabundos’ e outras gentilezas foram berradas pelo governador contra aqueles que tiveram a ousadia de enfrentá-lo e lutar por melhores salários.

A queda de um helicóptero na Bahia trouxe à tona as estranhas ligações de compadrio entre Cabral e o dono da empreiteira Delta, Fernando Cavendish. O empresário é amigo de Carlinhos Cachoeira e Cabral.

A Delta é uma construtora que cresceu de forma surpreendente em um curto espaço de tempo. Porém, cresceu à sombra dos últimos governos que passaram por Brasília e em alguns estados. Em especial no Rio. É difícil ver uma obra financiada com dinheiro público no Rio onde não esteja a placa da Delta.

Na região serrana, milhares de pessoas foram afetadas pelas chuvas, como em Nova Friburgo. Uma verdadeira tragédia fruto da irresponsabilidade de sucessivos governos – Cabral entre eles. Até o momento não foi construída uma única casa. As obras de ‘recuperação’ estão a cargo da Delta.

A Delta fazia parte do consórcio que iria ‘recuperar’ o Estádio do Maracanã. O templo maior do futebol brasileiro foi demolido. Esta suspeita empresa é responsável, ainda, pela obra do Fórum do Rio.

O desprezo pela população e a certeza da impunidade são tão grandes que o prefeito da cidade do Rio, Eduardo Paes (do PMDB de Cabral), mesmo após os escândalos com a Delta, liberou R$ 16 milhões em aditivo de um contrato com essa empresa.

Mas, nesse quesito, Eduardo Paes não faz mais que acompanhar o exemplo do governo federal. Somente o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) liberou este ano R$ 33,5 milhões em aditivos de contratos para a Delta. Deste total, R$ 11,9 milhões foram obtidos após a abertura, em 24 de abril, do processo de avaliação da idoneidade da Delta.

*Bancário e professor, Cyro esteve à frente do Sindicato dos Bancários no período de 1985 a 1991. Quando foi deputado federal, em 1993, colocou seu mandato a serviço dos trabalhadores. Foi autor do projeto que defendia a retirada da Light da lista das empresas a serem privatizadas.