Banco Nossa Caixa e governo Serra demitem dirigente sindicalDirceu Travesso, dirigente da Conlutas e militante histórico da categoria bancária, foi demitido do banco Nossa Caixa no dia 8 de maio, sem justa causa ou justificativa. Este é, sem dúvida, um grande ataque contra a organização sindical dos trabalhadores do país e acontece após a legalização das centrais sindicais, no dia 31 de março.

Dirceu é uma liderança nacional, um dos principais dirigentes da luta dos trabalhadores do país. Foi diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, ajudou a fundar e fez parte da executiva nacional da CUT. Atualmente, é dirigente da Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas) e do Movimento Nacional de Oposição Bancária.

Mais do que sua trajetória sindical, Dirceu é reconhecido pela sua presença na luta. É raro encontrar um ativista ou militante de São Paulo que não o conheça. Que não o tenha visto discursar nos atos do 1º de Maio ou nos protestos contra a ocupação no Iraque. Que não tenha esbarrado com ele nos piquetes das greves bancárias, seja a histórica de 1985, seja a de 2004, quando uma rebelião tomou conta do país. Não é preciso ser bancário. Professores, funcionários dos Correios, da Justiça, sem-teto, estudantes e tantos outros conhecem Dirceu de suas lutas. É essa história que agora o governo Serra e a direção do banco têm a ousadia de atacar.

Preparando a privatização
A demissão é parte do processo de privatização do banco, levado por Serra. Neste momento, a diretoria está buscando demitir os funcionários já aposentados sem garantir novas contratações.

Demitir Dirceu Travesso é uma tentativa de enfraquecer qualquer a luta contra as demissões e os planos do governo de privatizar o banco e as estatais paulistas, como a Cesp, o Metrô, a Sabesp, a CMTU, o CDHU e o IPT, entre outros. Funcionário do banco desde 1984, Dirceu tem uma longa história de luta em defesa da Nossa Caixa como banco público e em defesa dos direitos dos funcionários.

Ataque à oposição bancária e à Conlutas
A demissão ocorreu a 10 dias do término da inscrição das chapas para o Sindicato dos Bancários. Na última eleição, em 2005, Dirceu encabeçou a chapa da oposição. Com a demissão, o banco tenta inviabilizar a candidatura de Dirceu, enfraquecer a resistência dos bancários, atacar uma alternativa independente e impedir o direito democrático da categoria de escolher livremente seus representantes.

Há algumas semanas, a Conlutas solicitou à direção do banco a liberação de Dirceu Travesso para que pudesse atuar na construção desta entidade nacional dos trabalhadores, do movimento popular e da juventude. A Conlutas enviou ofícios em abril e no dia 6 de maio solicitando a liberação, apoiada na legalização das centrais. A resposta do governo Serra, dois dias depois, veio desta forma. Em vez de respeitar o direito democrático e a organização sindical, simplesmente demitiu Dirceu Travesso.

O ataque é também ao PSTU, partido do qual Dirceu é um dos fundadores e dirigente. Pelo partido, foi candidato ao governo de São Paulo em 2002, a vereador em 2004 e a deputado federal em 2006, sempre com críticas às gestões privatizantes no banco.

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