Jovem teve lesão em osso da face e fratura no nariz

 
No dia 15 de maio, enquanto acontecia o ato do “Dia Internacional de luta contra a Copa” em São Paulo, Patrícia Rodsenko, 28 anos foi atingida no rosto pela Polícia Militar. Ela não participava do protesto: ela tentava voltar para casa depois de ir ao cinema com uma amiga. Com o metrô fechado, elas desceram a Rua da Consolação, no centro da capital paulista, momentos depois de a polícia ter dispersado a manifestação contra as injustiças da Copa, próximo dali.
 
A jovem relatou que passaram duas viaturas da polícia quando, de dentro de um dos carros, um PM atirou em sua direção, atingindo seu rosto. Patrícia teve um intenso sangramento e foi socorrida pelos próprios manifestantes. Ela sofreu uma lesão num osso da face e fraturou o nariz e terá de passar por uma cirurgia esta semana. Pela natureza dos ferimentos, acredita-se que tenha sido um disparo de bala de borracha. Os médicos que a socorreram afirmaram que por pouco a jovem não perdeu um olho, como aconteceu com um fotógrafo que cobria as manifestações de junho do ano passado.
 
Toninho Ferreira, advogado e militante do PSTU de São José dos Campos (SP), participava do protesto e ajudou a socorrê-la. “O ataque covarde a essa jovem mostra como a polícia não precisa de motivos para reprimir”, disse Toninho. “Vamos denunciar e exigir punição para esse absurdo”, afirmou.
 
No Facebook, Patrícia publicou uma nota sobre a agressão. “Eu não estava na manifestação que ocorreu aqui em São Paulo, mas sou totalmente a favor da população se reunir e expressar suas insatisfações com o Estado. Quantas vezes forem necessárias. Não é um favor o que os governos fazem ao deixar a população ir às ruas se expressar. É uma obrigação!”, escreveu.
 
PM mente
Após a repercussão do caso, Secretaria de Segurança do Estado de SP afirmou, em nota divulgada pela imprensa, que não teria utilizado balas de borracha. No entanto, a equipe da TV PSTU registrou os disparos. Porém, é irrelevante que tipo de arma atingiu Patrícia.
 
“Não pretendo entrar numa discussão semântica sobre qual o nome do artefato que atingiu meu rosto na última quinta-feira. O fato inegável é que, sendo estilhaço de bomba ou bala de borracha, esse objeto quebrou meu nariz e por pouco não me cegou”, afirmou a jovem. “Uma polícia que atira no meu rosto é uma polícia que nos põe em dúvida com relação ao seu próprio sentido de existir!”, concluiu.
 
O que aconteceu com Patrícia é uma prévia do que pode acontecer durante a Copa. O governo federal, em parceria com os governos estaduais e municipais, tem investido pesado para garantir que nenhum protesto atrapalhe a realização do mundial. Se for preciso, serão repetidas as cenas de barbárie vistas nas Jornadas de Junho de 2013, quando a polícia aplicou sua violência de forma indiscriminada contra manifestantes, imprensa e população em geral.
 
Toda essa repressão só torna mais necessária do que nunca a organização dos trabalhadores e da juventude para, além de garantir seu direito à livre manifestação, protestar contra as injustiças de uma Copa que já é a mais cara da história.