Os rodoviários de Recife e Região Metropolitana arrancaram com muita garra uma linda vitória. Suas reivindicações foram atendidas e a greve, iniciada na segunda-feira (28/07), está encerrada. O julgamento aconteceu na noite desta quarta-feira (30/07), no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), 6ª região, na área central do Recife.

A categoria conquistou 10% de reajuste no piso salarial. Com isso, o piso salarial dos motoristas passa de R$ 1.605 para R$ 1.765, dos cobradores de R$ 738 para R$ 811,80 e para os fiscais o aumento fez o salário passar de R$ 1.037 para R$ 1.140,70.

A conquista mais comemorada foi referente ao tíquete alimentação. Eles conseguiram o aumento de mais de 75% passando o valor de R$ 171 para R$ 300. Também conquistaram outros pontos da pauta de reivindicações como o aumento de 6,06% de auxílio-funeral, diária de motoristas para viagens especiais e indenização por morte ou invalidez. Outra vitória da categoria foi que a greve foi considerada legal. 

Foi muita emoção. A cada anúncio das decisões favoráveis aos rodoviários a euforia aumentava. Muito grito, palavras de ordem e lágrimas. Afinal, foram mais de 30 anos sofrendo nas mãos de dirigentes sindicais muito bem relacionados com a patronal. Agora, a categoria tem a certeza que pode confiar em seu sindicato. Para além dos ganhos econômicos e sociais, essa é a maior vitória da categoria.

Um exemplo de organização e garra: é nas ruas que as conquistas chegam
Confiança. Essa é sem dúvida a palavra que resume toda a campanha salarial de 2014. A categoria mostrou fé na nova diretoria eleita da CSP-Conlutas. Como não houve acordo com a patronal, os rodoviários aprovaram a greve em assembleia que se iniciou na segunda-feira (28/07). Todas as medidas judiciais foram tomadas pela assessoria jurídica para evitar qualquer tentativa de sujar o movimento paredista por parte da patronal e da justiça.

Durante toda a luta, os rodoviários responderam as provocações da patronal com paralisações, mobilizações e protestos. Fizeram uma panfletagem antes de começar a greve. O Comando de Greve distribuiu uma carta aberta à população pelo centro de Recife explicando os motivos do movimento paredista. Durante a greve foram realizadas paralisações e muita mobilização.

O auge do movimento foi a liberação das portas traseiras do ônibus para a população no segundo dia de greve. Os rodoviários implantaram o passe-livre na capital pernambucana. Em resposta a essa atitude dos rodoviários, de acordo com o Comando de Greve, a patronal mandou recolher os ônibus.

A gente não queria prejudicar mais ainda a população, mas tiveram relatos que depois de abrir as portas sem cobrar as passagens, a patronal mandou recolher os carros. As pessoas já sofrem todos os dias nesse sistema falido e cruel. Os ônibus são lotados, demoram a chegar, os Terminais parece um curral. Não há consideração alguma dos governos e dos donos de empresas com os usuários de coletivos. A categoria deu passe livre e a patronal que não quis perder seus lucros e mandou tirar os carros da rua”, afirmou Aldo Lima, motorista de ônibus liderança dos rodoviários e candidato a deputado estadual pelo PSTU.

PSTU na luta dos rodoviários
O PSTU está com os rodoviários desde o início. Primeiro, os rodoviários se rebelaram contra o sindicato nas mãos de Patrício. O PSTU estava lá. Depois o grupo de oposição que se organizou com a CSP-Conlutas ganhou as eleições do sindicato. O PSTU estava lá. Agora arrancaram uma grande vitória e o PSTU não se retirou das lutas. Pelo contrário.

As candidaturas do partido mudaram suas agendas de campanha eleitoral para reforçar a luta dessa aguerrida categoria. Até entrevista para imprensa foi desmarcada. “Entendemos que para ter transporte público de qualidade é preciso valorizar os trabalhadores do setor. Os rodoviários são humilhados há décadas. Era preciso reforçar o exército contra os desmandos da patronal e o silêncio proposital dos governos. Nossas candidaturas estão à disposição das lutas. Esse é o nosso lugar”, declarou Jair Pedro.

Raphaela Carvalho, candidata à deputada federal, também esteve nas ruas com os rodoviários. Ela destaca a importância do passe-livre que a categoria implantou durante a greve. “O passe-livre implantado pelo prefeito Geraldo Júlio (PSB) em Recife é restrito. Não foi nenhuma bondade dada, foi fruto das lutas que acontecem pelo passe livre, mas ainda não é o que a gente quer. É preciso passe livre para todos os estudantes e desempregados rumo a tarifa zero, como os rodoviários fizeram nessa greve“, esclarece.

Piquete de greve no TI da Macaxeira
Para Raphaela, outra questão importante dessa greve foi a participação das mulheres. Ela escutou muitos comentários das rodoviárias afirmando que é um novo momento para elas. “Muitas me falaram que estavam fazendo história. Elas disseram que antes não tinham espaço no sindicato para participar das decisões. Elas foram sem dúvida as mais guerreiras, resistindo do começo ao fim, em nenhum momento recuaram. Estou muito orgulhosa de ter estado ao lado delas”, afirmou Raphaela.

A candidata ainda destacou a importância da incorporação das demandas das rodoviárias nas próximas batalhas. “São as mulheres que mais sofrem com a precarização do trabalho. Muitas adoecem, ficam com infecção urinária por não ter onde fazer suas necessidades fisiológicas. Um absurdo. Os percursos são longos e elas ficam muito tempo sentadas. Há muito machismo e preconceito para elas se formarem como motorista. Essa realidade precisa mudar”, conclui Raphaela.

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