Eduardo Campos impôs a privatização da Compesa, repassando os serviços de esgoto para a Odebrecht

Em nota pública, PSTU – PE denuncia a política de privatização de Eduardo Campos e chama os movimentos sociais a lutarem contra a entrega de um direito básico a uma empreiteiraApesar das tão anunciadas taxas de crescimento econômico de Pernambuco, com aumento na arrecadação de impostos e instalação de indústrias em várias cidades, somente 20% da região Metropolitana do Recife é abrangida por esgotamento sanitário. Em Jaboatão, só 5% da cidade é saneado; no Cabo de Santo Agostinho, só há saneamento em três bairros. Ao mesmo tempo, nada menos que 64 municípios encontram-se, até hoje, em Estado de Emergência por causa da já histórica tragédia da seca.

A situação calamitosa do saneamento público e da falta de água na Região Metropolitana do Recife (RMR), da Seca no Agreste e no Sertão do estado é uma demonstração clara de que o modo de governar do PSB de Eduardo Campos só tem beneficiado uma minoria privilegiada. Toda a riqueza produzida em Suape não deu ao povo pobre e trabalhador sequer o direito à serviços básicos, como esgotamento sanitário e fornecimento de água.

Há poucas semanas, Eduardo Campos prometeu baixar a conta de água. Sem mostrar o mínimo de compromisso com a palavra empenhada, dias depois anunciou mais um aumento da tarifa de água e esgoto. Durante a última campanha eleitoral, prometeu que iria acabar com o racionamento de água em Recife. E, hoje, já assistimos a volta deste racionamento em toda Região metropolitana.

No mesmo estilo coronelista e autoritário dos governos de direita que o antecederam, o governador do PSB tenta convencer a população do estado de que o problema da Seca se deve apenas à fatores climáticos. Mas já sabemos que, como diz o velho ditado, “a tragédia do Nordeste não é a Seca, mas sim a cerca”. Ou seja,a grande concentração de terras nas mãos de uns poucos latifundiários que atraem apenas para suas propriedades todos os investimentos e obras de irrigação, como é o caso da Transposição do Rio São Francisco, feita para desviar recursos públicos para grandes empreiteiras e irrigar o agronegócio.

Nós últimos anos, sob o governo do PSB, quase todos os investimentos na área de saneamento, distribuição de água e irrigação visaram favorecer as empresas multinacionais que se instalaram no estado, deixando a população trabalhadora à mercê da sorte. A Compesa (Companhia Pernambucana de Saneamento) investiu milhões para atender as indústrias em Suape e Goiana, enquanto nos bairros pobres os operários não têm saneamento nem água encanada.

O papel da Compesa
Hoje, Eduardo Campos impôs a privatização da Compesa, repassando os serviços de esgoto, um dos mais lucrativo, para as mãos da empreiteira Odebrecht que, por “coincidência”, foi uma das maiores financiadoras das campanhas eleitorais do PSB em todo o país. Esse serviço essencial passará para as mãos de uma empresa privada, que funciona com base nos lucros e na rentabilidade e não no compromisso social.

No popular, o fato é que virá, em primeiro lugar, o interesse de ganhar mais e mais dinheiro e não o de garantir o esgotamento sanitário para a população. Essa privatização, ao contrário do que diz o governo, agravará o déficit do esgotamento sanitário e a tendência é, com certeza, aumentar as tarifas.

A alta acentuada da tarifa, aliás, foi uma das conseqüências diretas da privatização da Celpe (Companhia Energética de Pernambuco), como todos devem lembrar. Outra conseqüência direta foi o corte da prestação do serviço, que deixa famílias inteiras sem energia. A Compesa já começou a se preparar para isso mesmo antes da privatização: ela levou o nome de 162.958 usuários ao SPC/Serasa e expediu, só em março de 2010, 25.300 ordens de corte no abastecimento. As tarifas públicas e impostos no Brasil comprometem até 48% da renda dos que ganham até dois salários mínimos.

Com a finalidade de disputar a presidência da República, o governador de Pernambuco tem feito de tudo para aparecer como um “político diferente”, “um gestor moderno e eficiente”. Mas, mesmo com o apoio da mídia local e de grandes meios de comunicação do país, essa imagem começa a ficar manchada: ele não cumpre as promessas que faz ao povo pobre e trabalhador que tanto confiou nele e aplica na prática a mesma política privatista e autoritária dos governos do PMDB, PSDB e DEM (ex-PFL) que o antecederam.

É preciso lutar
É necessário organizar uma luta de forma unitária com os sindicatos, movimento popular, estudantil e com os partidos da oposição de esquerda, Psol e PCB, pois somente uma forte mobilização dos trabalhadores poderá impor a este governo entreguista do PSB as reivindicações dos trabalhadores. Não podemos deixar que estes aumentos e estas falsas promessas fiquem no esquecimento.

Vamos seguir o exemplo dos moradores da comunidade Miguel Arraes, situada no bairro Jiquiá, Zona Oeste do Recife, que atearam fogo em pneus e em madeiras, interditando completamente a BR 101, pois, desde setembro de 2012 não há água suficiente nas torneiras do local e a comunidade está com o abastecimento interrompido há cerca de 20 dias, entretanto, as contas continuam chegando com valores superiores R$ 200.

Onde está o PT de Humberto Costa que na campanha eleitoral denunciou a privatização da compesa? Agora, com a Compesa privatizada, o racionamento de água no Recife, o aumento de tarifa de água e esgoto e a seca trazendo desespero no interior do estado, o PT se calou, pois faz parte do governo de Eduardo Campos. Convocamos todos os militantes sérios e de luta do PT a exigirem da direção de seu partido que rompam com Eduardo Campos e Geraldo Júlio do PSB e venham construir a luta unificada contra a privatização da Compesa.

O PSTU defende

  • Abaixo a privatização da Compesa
  • Pela universalização do saneamento básico
  • Compesa pública sob controle dos trabalhadores
  • Revogação imediata do aumento da água

  • Garantia do fornecimento de água imediato para a população trabalhadora
  • Isenção da tarifa de água e esgoto para os trabalhadores desempregados
  • Contra a transposição do Rio São Francisco
  • Reforma Agrária ampla , radical e sob o controle dos trabalhadores no estado