Os policiais militares e bombeiros de Pernambuco aprovaram greve por tempo indeterminado. A decisão foi tomada em assembleia geral realizada na noite desta terça-feira (13), em frente ao Palácio das Princesas, sede do Governo de Pernambuco. Em estado de greve há 15 dias, a categoria decidiu parar as atividades porque o Governador Eduardo Campos (PSB) não apresentou respostas à pauta de reivindicação.

Entre as exigências, os militares querem um aumento de 50% do salário para tenentes e soldados e 30% para oficiais. Também reivindicam a implantação de Plano de Cargos e Carreira, um aumento do valor do vale-alimentação de R$ 154 para R$ 500 e a reestruturação do hospital da PM.

Há informações de que cerca de 90% dos policiais militares aderiram ao movimento paredista. Somando o Corpo de Bombeiros e os policiais militares, o total de trabalhadores é de cerca de 25 mil oficiais. Antes da assembleia os militares realizaram, mesmo sob chuva, uma passeata no centro do Recife reunindo mais de cinco mil trabalhadores. A caminhada começou na Praça do Derby e seguiu pela Avenida Conde da Boa Vista. Neste dia 14 está marcada uma nova passeata nas ruas de Recife.

Pacto pela Vida: é pela vida de quem esse pacto?
Quando o assunto é violência surgem, apressados e com suas planilhas nas mãos, o governador e secretário de Segurança. Mostram números e afirmam que a população pernambucana pode se orgulhar com o Programa “Pacto Pela Vida”. Afinal a violência está diminuindo, dizem eles. É evidente que todos gostariam de acreditar nisso. Mas a realidade não é bem assim, particularmente a da juventude pobre e negra das periferias.

O tal “Pacto” poderia ser bem diferente. Entendendo a criminalidade como resultante da exclusão social, poderia primar pela criação de programas de educação e emprego para a juventude, acesso à cultura e ao lazer. Mas isso não é bem assim. Sem alternativa, a juventude da periferia fica à mercê da violência e do tráfico.

A pena de morte – que no Brasil é proibida – e as torturas – consideradas crimes contra a humanidade – são velhas conhecidas dos moradores das comunidades pobres. Infelizmente, essa violência vem do próprio Estado.

A situação só chegou a esta fase porque Eduardo Campos (agora ex-governador de Pernambuco e atual pré-candidato à presidência do país) impulsionou a política de repressão, colocando a polícia para cima da população.

 Até agora o “Pacto Pela Vida” resultou em mais de 30 mil pessoas presas em delegacias e presídios. A maioria absoluta composta por jovens negros, sendo que 50% desse total de prisioneiros sequer tiveram direito a julgamento e são mantidos no cárcere anos a fio por meio de “detenções provisórias”.

Se existe algum pacto, não é pela vida dos filhos e filhas dos trabalhadores. Quem vive nas periferias sabe que o “Pacto Pela Vida” se resume à criminalização da pobreza e dos movimentos sociais, à repressão e ao extermino da juventude negra e pobre.

PSTU declara apoio ao movimento e exige a desmilitarização das polícias
O PSTU declara apoio ao movimento paredista dos militares de Pernambuco entendendo a situação precária que a categoria está passando. Acreditamos que os policiais devem incorporar às suas reivindicações a bandeira da desmilitarização da polícia. A Polícia Militar é uma instituição sobrevivente da ditadura e sua estrutura militarizada está a serviço das classes dominantes para reprimir as lutas do povo pobre e trabalhador.

Sem a militarização os policiais poderiam se organizar sindicalmente aumentando sua força organizativa e sem punições em decorrência da hierarquia ultracentralizada. Defendemos uma policia civil única e que seus delegados sejam escolhidos pela população, com mandatos sejam revogados.

Nenhuma repressão às manifestações populares, dos trabalhadores e juventude
Além do apoio à greve, queremos fazer uma discussão franca com os policiais do movimento paredista. O Brasil está vivendo um novo momento político, onde a classe trabalhadora começa a protagonizar greves, paralisações e ocupações urbanas. Em todas essas lutas, a polícia é chamada para reprimir. Assim, como os policiais militares desobedecem a seus chefes hierárquicos e entram em greve, é preciso desobedecê-los e negar a repressão às manifestações.