Sem condições de trabalho e sofrendo com a forte sobrecarga, os motoristas responsáveis pelo deslocamento dos operários da construção civil das obras do PAC de Suape estão em mobilização. Atualmente, existem cerca de mil transportes para cobrir todo o translado para todas as obras. De acordo com os próprios empresários, este número é insuficiente. Eles afirmam que é necessária uma frota de dois mil ônibus para atuar no estaleiro e demais obras.

A categoria está em processo de negociação, junto à DRT. Já tiveram duas audiências e foram poucas as empresas que se comprometeram em resolver a situação, e o impasse ainda permanece para a maioria. A próxima audiência está marcada para o dia três de junho. Entretanto, mal começou a negociação e já existe um demitido da comissão de base.

A CSP-Conlutas e o Sintranstur (Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Coletivos) estão acompanhando as negociações junto a Comissão de Base. Para Hélio Cabral, representante da CSP-Conlutas que acompanha o movimento, a categoria está muito sensibilizada e precisa permanecer unida. “Na última reunião muitos trabalhadores se emocionaram, chegaram inclusive a chorar diante a realidade em que estão vivendo, mas o sentimento é de luta”, informou emocionado Hélio, que confessou também ter chorado durante um dos depoimentos.

A situação está muito precária
Há dois pontos emergenciais da pauta de reivindicação que estão interligados. Melhorias nas condições de trabalho e o pagamento de hora extra. Não existe, nas proximidades dos canteiros de obras, pátios ou garagens para estacionar os ônibus, ficando para os motoristas a responsabilidade de cuidar dos veículos. Não há também estrutura para garantir o descanso deles, nenhuma sala ou espaço físico para que eles possam repousar durante a espera dos operários. Até as necessidades fisiológicas são feitas dentro do canavial, pois não há banheiros. Sem falar na falta de água potável suficiente à disposição dos trabalhadores.

Nesta situação, eles são obrigados a permanecerem no mato dentro dos ônibus enquanto esperam a peãozada largar. “Essa situação é provocada pela falta de iniciativa dos governos estadual e federal, além dos empresários, que na logística da organização, não levaram em consideração aonde os ônibus iriam permanecer e, principalmente, onde os motoristas iriam ficar”, afirma Hélio Cabral. Isso mostra novamente a falta de compromisso dos governos para com os trabalhadores.

A rotina dos motoristas
Os motoristas pegam os ônibus às 4h da madrugada e fazem o translado dos operários, passando pelos pontos pré-definidos pelo roteiro de cada empresa. No geral, chegam por volta das 8h nas obras e ficam nos ônibus esperando até umas 11h da manhã para levar os operários aos refeitórios, que ficam distantes dos canteiros de obras. Em seguida, voltam e aguardam até umas 16h30, horário que os operários largam. Pensa que o dia de trabalho acaba por aí? Está muito enganado. Os motoristas ainda tem que deixar os ônibus novamente na garagem das empresas. Resumindo, eles ficam à disposição da empresa cerca de 15 ou 16 horas todos os dias.

Todos à Assembleia
Nesta próxima sexta-feira, 13 de maio, haverá uma nova assembleia para definir os rumos do movimento. Na pauta proposta para ser ainda aprovada, está a eleição de seis membros para Comissão de Base para garantir estabilidade e a discussão da pauta para data base, além da ratificação das reivindicações emergenciais.

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