Categoria não aceita a proposta da patronal e nem representação da atual diretoria do sindicato

Eram cerca de 8h30 da manhã nessa segunda-feira (01/07), quando os rodoviários começaram a parar os carros. O que se via nos principais corredores da cidade eram filas de ônibus estacionados. A greve foi decretada na última quinta-feira (27/06) devido à insatisfação da categoria com a proposta da patronal, o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Pernambuco (Urbana/PE).
 
Na audiência com o Tribunal Regional do Trabalho (TRT), ocorrida semana passada, a patronal informou que só estava disposta a oferecer 3% de reajuste. Essa notícia não agradou os rodoviários que pedem, entre outras coisas, uma aumento de 33% nos salários, índice que, segundo eles, segue o aumento da cesta básica no último ano em Recife.
 
Nessa situação, até o momento, o governador Eduardo Campos (PSB) não se manifestou. Os rodoviários pedem a intervenção do governador. “Estamos pedindo ao governador do estado que nos ajude. Ele que fala tanto em mobilidade urbana então precisa garantir melhores condições de trabalho para nós e salário digno. Merecemos respeito, pois somos nós que movemos essa cidade. Temos família e precisamos pagar nossas contas”, declarou Aldo Lima, liderança da Oposição CSp/Conlutas.
 
Para tentar resolver o impasse, ainda ontem, por volta das 17h, o desembargador Pedro Paulo da Nobrega, articulou uma reunião de composição com a patronal e o sindicato. Participou também da mesa a oposição da CUT, mas a Oposição de Verdade – CSP/Conlutas foi vetada pelo TRT. “Isso é muito injusto. Nenhum representante nosso participou da mesa. Tudo está sendo negociado em uma sala onde ninguém tem acesso”, declarou o motorista Josival José da Silva à imprensa local. “A oposição da CSP/Conlutas representa 80% da categoria. Se não podemos participar da reunião, como vamos definir algo? A oposição da CUT que participou da mesa não representa nem 10% da categoria”, afirmou Noélia Brito, assessora jurídica da Oposição CSP/Conlutas.
 
A reunião durou cerca de cinco horas e terminou sem acordo. Hoje acontece o julgamento do dissídio coletivo. O reajuste da categoria será decidido em reunião do pleno do Tribunal Regional do Trabalho, às 17h, na sede do TRT do Cais do Apolo.
 
Unidade e apoio
Durante toda a reunião, dezenas de rodoviários aguardavam o resultado dentro do TRT. Membros da Assembleia Nacional dos Estudantes Livre (ANEL) ficaram até o final. “A unidade dos estudantes com os trabalhadores é fundamental e nessa luta somos todos rodoviários”, declarou Raissa Bezerra, estudante de Serviço Social da UFPE e representante da entidade.
 
Outras categorias também declararam apoio ao movimento paredista dos rodoviários. “Mobilidade não é só construir estradas, viadutos ou colocar ar condicionado nos ônibus. É respeitar os rodoviários e garantir salário digno. Coloco aqui minha solidariedade ao movimento de vocês”, falou Thiago Santos, servidor municipal. Hélio Cabral, professor da UFRPE, além de declarar apoio, falou da unidade de toda a classe trabalhadora e ainda chamou todos a unificar a luta no dia 11 de julho. “O Brasil todo explodiu em protestos e todas as categorias precisam se unir, por isso chamamos todos a participar do dia nacional de greves, paralisações e manifestações convocado por todas as centrais sindicais”.
 
Fora Patrício
Outra luta que os rodoviários estão enfrentando é com a atual direção do sindicato. O presidente da entidade, Patricio Magalhães, está na diretoria há mais de 30 anos e vem levando as Campanhas Salariais para o buraco fechando acordos que só beneficiam a patronal.
 
O coordenador Carlos Elias, do Sindicato Municipal dos Profissionais de Ensino da Rede Oficial de Recife (SIMPERE), falou sobre a necessidade de construir um sindicato democrático com toda categoria decidindo os rumos do movimento. “É preciso construir uma direção legítima que represente os interesses dos trabalhadores, não dá mais para os rodoviários continuarem com uma direção pelega, por isso grito com vocês Fora Patrício”. A declaração foi bastante aplaudida.
 
Demissão política
Depois das prisões políticas que aconteceram no protesto do dia 26/06, Recife conta também com demissões políticas em menos de um mês. A categoria se revoltou ao saber sobre a demissão de uma das lideranças da Oposição/CSP-Conlutas, Aldo Lima. “A justiça foi clara e a lei também é, em período de negociação salarial não se pode demitir trabalhador”, afirma Aldo.
 
Atualização às 14:30 de 2/07: 
O governo de Pernambuco chamou, nesta terça-feira, 2 de julho, a Oposição Rodoviária/Csp conlutas para negociar. Até agora, o Desembargador não reconhecia a oposição rodoviária filiada à Central para sentar nas negociações. Devido à forte mobilizacão, unidade da categoria e o papel importante da central na luta dos rodoviários, a reunião foi agendada às 15h com o Secretário de Articulação Social e Regional do Estado. A reunião ocorrerá antes do julgamento do dissídio que será julgado nesta terça às 17h.