Após uma semana de protestos no Rio de Janeiro (RJ) – ato dos movimentos sociais na porta do BNDS no dia 27 de março e ato dos estudantes no dia 28 – um novo ato aconteceu neste 1º de abril com mais de 500 manifestantes. Com “nariz de Pinóquio”, faixas e bandeiras, na data conhecida como o “Dia da Mentira”, trabalhadores desmentiram os governos federal, estadual e municipal e denunciaram a escandalosa epidemia de dengue.

Os estudantes presentes denunciaram o Reuni e a Reforma Universitária, que, ao contrário do que diz o governo, é a privatização do ensino público. Os estudantes secundaristas lembraram a mentira do passe-livre, que hoje tem restrições no metrô, não há garantia de sua manutenção e nem todos os estudantes são beneficiados. Esses fizeram um bonito ato na sexta-feira, 28, resgatando a tradição do movimento estudantil e lembrando com luta e coerência o assassinato de Edson Luís. Eles denunciaram que, até hoje, os jovens são mortos em todos os cantos do Brasil. Mostram, erguendo as suas bandeiras vermelhas, por onde passa o movimento, que hoje deixa para trás a UNE pelega e toma novamente as ruas.

O Sindicato dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe-RJ), carro-chefe do ato, desmentiu a farsa do governo estadual de Sérgio Cabral (PMDB), que descumpriu praticamente todas as promessas contidas na sua carta enviada à categoria antes das eleições. Nessa carta, Cabral prometeu a reposição das perdas salariais dos últimos dez anos e a incorporação da gratificação do programa Nova Escola ao piso salarial, entre outras coisas. Após a passeata, ocorreu, na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a assembléia da categoria, que votou paralisação no dia 7 de maio e participação no ato contra as Parceiras Público-Privadas (PPP) no dia 7 de abril.

A manifestação contou, ainda, com a presença do Sindicato dos Servidores do Judiciário Estadual (Sind-Justiça/RJ), que, assim como os profissionais de educação, só ouviram promessas até hoje não cumpridas, sofrem com o arrocho salarial e a política a liquidação dos serviços públicos. Além deles, estiveram presentes Conlute, Conlutas, Sinpol, ARJ, Apefaetec, UJR, Sindisprev, Sindperj, DCE da UFRJ. DCE da UFJF, Coletivo “UFF que Queremos”, PSTU. A Oposição de Correios da Conlutas também compareceu representando a categoria, para denunciar a farsa do governo Lula em relação ao pagamento de periculosidade e abonos.

Ao final da passeata, que percorreu a avenida Rio Branco no trajeto Candelária-Cinelândia, chegou um ônibus da Baixada Fluminense com militantes de assentamentos, comerciários e trabalhadores da Universidade Rural (UFRRJ). Estes passaram a manhã distribuindo panfletos no comércio e em bancos da região para denunciar as falácias governistas. Em Niterói, ocorreu panfletagem nos estaleiros e nas barcas e teve apresentação de vídeo, no Bandejão da UFF, contra o Reuni.

O Rio mostrou que não aceita mais mentiras sobre a reforma da Previdência, a transposição do rio São Francisco, o Reuni, a reforma universitária. Assim como o arrocho salarial, as péssimas condições de vida, a falta de reforma agrária e urbana, essas medidas só beneficiam os ricos.

Os trabalhadores e a juventude não podem confiar nos governos e nos patrões, assim como o conjunto da população do Rio, que está morrendo de dengue, não pode confiar nem nos governos nem em hospitais de lonas nas praças. Resolver o problema da dengue é viabilizar saneamento, moradia, ampliação de hospitais, concursos para a área médico-hospitalar e verba pra saúde pública ao invés de mandar dinheiro para o FMI.