A maioria dos delegados e observadores do 1º Congresso da Conlutas saiu satisfeita do evento. O principal aspecto ressaltado pelos participantes foi a democracia e a ampla participação de todos nos debates.

Sabino, do Sindicato dos Comerciários de Nova Iguaçu e militante do PSOL, avaliou que o congresso foi muito bom, “participando todos os trabalhadores, todo mundo dando sua opinião, ou seja, passa a ser de todos e isso é muito interessante”. Ele alertou, porém, para as ações a serem tomadas após o congresso. “O documento que vai sair daqui, como Conlutas, é interessante, mas não pára aí, nós temos que fazer com que as coisas aconteçam”, disse.

Já Valéria, estudante e militante do movimento popular de São José dos Campos e do PSTU, achou o congresso “maravilhoso”. “Estou esclarecendo muitas dúvidas com relação à formação dessa nova ferramenta que vai ser a Conlutas”. Ela participou como observadora e opina que “vai mudar muita coisa depois desse congresso, porque tendo organização dentro da nova ferramenta que está sendo criada, tendo organicidade dentro da Conlutas, a gente consegue organizar os trabalhadores muito bem”

A servidora Vanir, da Universidade Federal Fluminense, do Rio de Janeiro (RJ), achou um pouco cansativo devido ao número de horas de discussões. Foram quatro dias de debates. Ela também reclamou dos eventos que aconteciam simultaneamente. “Você perde muita coisa, você quer estar e não consegue”, disse.

Apesar disso, ela diz que se surpreendeu com o congresso: “por ser o primeiro congresso, teve umas coisinhas aqui e ali, mas está bastante organizado, está tendo bastante aproveitamento das discussões”. “Esse congresso, no mínimo, faz com que, principalmente os líderes, repensem muitas coisas, como a maneira de se fazer política diante da sua comunidade”

Ela avaliou que “ainda existe, mesmo na esquerda, uma dificuldade em deixar a base livre para expor, para participar”. “Eu creio que em matéria de participação, alguma coisa vai ter de mudar, a ação política da base. E você vê que é um congresso composto por uma grande quantidade de jovens. Isso é muito bom, porque vai fazendo com que eles já repensem de uma maneira diferente”, concluiu.

Alexandro, servidor público municipal de Guarulhos (SP), acredita que o congresso “enriquece a luta dos trabalhadores e enriquece para que a gente possa trazer, da base, mais trabalhadores para poder participar futuramente e aumentar esse congresso”.

Uma alternativa de classe contra as opressões
Dote é travesti e militante do movimento de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros (GLBT) de Curitiba. Ela também é estudante de história da UFPR. Ela disse que foi o primeiro congresso que participa e que tem uma proposta de esquerda para o setor.

“Esse congresso mostra novas expectativas, uma nova forma de ver e de trabalhar com a questão GLBT e da discriminação, que é diferente da que geralmente é defendida e mostrada pelas ONGs governistas”, afirmou. Ela disse que, pela primeira vez, via um esforço no sentido de se fazer um debate de esquerda e socialista ligado à questão GLBT. “Uma coisa que me chamou muito a atenção e que me emocionou bastante foi que, pela primeira vez, eu vou a um congresso e nosso grupo é tratado como trabalhadores homossexuais, lésbicas, transexuais, travestis etc. Normalmente, nós somos vistos como pessoas fúteis que só querem saber de festa”, disse.

Ela alertou para a importância de se saber fazer um bom trabalho junto à base dos movimentos: “eu acho muito importante é tem de se ter muito cuidado e, ao mesmo tempo, bastante garra para se levar este debate à base que está ligada às ONGs governistas”.

Ela também falou sobre os principais problemas enfrentados pelos travestis na sociedade e no movimento. “O principal problema que nós sofremos hoje é a falta de interesse e a falta de informação que as pessoas têm, não sabem se nos tratam por ‘ele´ ou por ‘ela´, se é homem ou se é mulher, o que nós defendemos como identidade de gênero, não entendem as nossas necessidades”, conta.

Dote reclamou da falta de consciência política com relação ao tema dentro da própria classe trabalhadora. Ela disse que mesmo no movimento GLBT ainda existe preconceito, mas que “o importante é compreender o que nós pedimos e por que nós pedimos”. Ela concluiu fazendo um chamado: “a classe precisa ficar unida. Unida, ela consegue mais vitórias do que separada, com certeza”.