Encontro reuniu lutadoras de várias partes do país

Encontro com 512 delegadas eleitas reafirma luta contra o machismo e avança na discussão sobre participação de mulheres nos sindicatos‘Mulheres na luta, contra a opressão; abaixo o machismo e a exploração’. Foi com essa palavra de ordem que se encerrou o I Encontro Nacional de Mulheres da CSP-Conlutas, nesse dia 27 de abril em Sumaré (SP). A poucas horas da abertura do congresso da central, cerca de 512 delegadas eleitas em todo o país realizaram um encontro em que se discutiu a opressão e a luta das mulheres em seus mais diferentes níveis. As 600 cadeiras disponibilizadas no plenária ficaram completamente tomadas.

“Foi um encontro muito vitorioso, em que tivemos a participação de vários estados, discutindo o trabalho de base na luta contra a opressão e a exploração” , afirmou Ana Pagamunici, da direção Executiva do Movimento Mulheres em Luta da CSP-Conlutas. “Reafirmamos nossa independência em relação ao governo Dilma; a importância da campanha nacional pelas creches; da luta pelo trabalho igual, salário igual; além de ampliarmos a discussão pelo fortalecimento da participação das mulheres no movimento sindical e popular” , resume Pagamunici, que também salientou a participação dos homens no encontro.

Mulheres operárias
Um dos pontos altos do encontro foi a marcante presença de mulheres operárias. Foram oito delegadas da construção civil de Belém (PA) e oito metalúrgicas de São José dos Campos (SP), fora a presença de mulheres metroviárias, da confecção, professoras e inúmeros outros setores.

“A vida das mulheres nos sindicatos já é difícil, em uma categoria com presença majoritariamente masculina, é mais difícil ainda” , afirmou Rosângela Calzavara, metalúrgica da Embraer, salientando o avanço das mulheres nesses setores e a importância fundamental da participação feminina. “Sem as mulheres, não vamos transformar a sociedade, não vamos chegar ao socialismo” , afirmou.

A operária da construção civil Delsarina de Almeida, a ‘Deusinha’, também concedeu um marcante depoimento sobre as condições e dificuldades das mulheres operárias nos locais de trabalho. “Mas não basta lutar contra o assédio nos canteiros de obra e demais locais, temos que lutar contra o machismo em todos os lugares” , opinou, falando também da importância que teve o Encontro de Mulheres promovido pela então Conlutas em 2009 para que chegasse a essa compreensão da necessidade da luta contra as opressões.

Presença internacional
Além da participação de mulheres de diversas regiões, o encontro também teve destacadas representantes internacionais da luta contra a opressão. Fatma Ramadan, da Federação de Sindicatos Independentes do Egito, fez um emocionante relato da importância das mulheres na revolução que derrubou Mubarak. ”Na Praça Tahrir, as mulheres faziam as mesmas coisas que os homens”, relatou.

A sindicalista egípcia relatou um caso em que um salafista fez questão de pedir desculpas às mulheres na Praça Tahrir, quando se deparou com o protagonismo feminino na revolução. “Ele fez questão de pedir desculpas às mulheres ali na praça” , disse. Ao final da fala de Fatma, as centenas de mulheres do plenário puxaram a palavra de ordem: ‘com a luta do povo; Mubarak caiu/O Egito tem o apoio das mulheres do Brasil’.

O encontro também teve a presença de uma representante dos estudantes da Costa Rica.

Ao final, o encontro realizou uma plenária do Movimento Mulheres em Luta aonde aprovou as sete delegadas do MML ao Congresso da CSP-Conlutas, que começa no mesmo dia.