Redação

 Foi no ano passado, em 2015, que vimos um verdadeiro levante dos estudantes no estado de São Paulo que lutaram contra a política do governador Geraldo Alckmin (PSDB) de fechar escolas. Centenas de escolas foram ocupadas por todo o estado, e a luta desses estudantes impôs uma importante vitória na defesa da educação pública.

Esse ano, começamos a ver um novo levante estudantil, a partir da juventude do Paraná, que começou uma verdadeira onda de ocupações por todo o estado, dessa vez contra a política de Temer (PMDB), que deu um passo a mais nas políticas já encaminhadas pelo governo Dilma (PT) e assinou a Medida Provisória da reforma do Ensino Médio e apresentou para votação a PEC 241.

foto3Desta vez, a juventude que já aprendeu que não dá para acreditar em nenhum desses governos e que somente a luta muda a vida, luta para não perder as disciplinas de Filosofia, Sociologia, Arte e Educação Física de seus currículos, para garantir o acesso dos estudantes aos cursos noturnos e para barrar a perda de investimentos nos setores públicos.

Os estudantes de Campinas, participaram fortemente das lutas do ano passado, com atos de ruas e ocupações de escolas. Foram 11 escolas ocupadas na cidade:

Carlos Gomes (Centro)

Francisco Glicério (Centro)

Júlio de Mesquita (Jardim das Oliveiras)

Antônio Vilela Júnior (Vila Industrial)

Eliseu Narciso Reverendo (DIC III)

Hugo Penteado Teixeira (Parque Floresta)

Procópio Ferreira (Jardim das Oliveiras)

Dom Barreto (Ponte Preta)

Laís Bertoni Pereira (Vila Palácios)

Eduardo Barnabé (DIC I)

Santa Clara (Jardim Sta Clara)

E esse ano não poderia ser diferente. Em São Paulo, iniciaram mobilizações e ocupações que foram rapidamente reintegradas pela ação da PM

Em Campinas, a primeira escola ocupada, foi a EE Newton Pimenta que, do segundo dia de ocupação, foi reintegrada pela PM. Com um grande aparato de cerca de 100 policiais, invadiu a escola, rendeu os estudantes e levou todos para a delegacia.

A forte luta do Paraná e a ação da PM no estado de São Paulo motivou os estudantes de Campinas a se organizarem entre várias escolas e iniciarem um forte movimento de resistência.

A EE Ruy Rodriguez na região do Campo Grande, periferia de Campinas, foi ocupada no dia 24 de outubro e logo em seguida mais 3 escolas, todas da mesma região, também foram ocupadas: EE Hugo Penteado, EE Galhiego e EE São Bento. Todas elas foram reintegradas pela PM no dia 27 de outubro. A Polícia Militar mais uma vez organizou um aparato gigantesco, com várias viaturas, motos e ônibus, invadiram as três primeiras escolas ao mesmo tempo e levaram todos para delegacia. Os estudantes do São Bento conseguiram sair da escola antes da polícia chegar.

Depois dessa ação e nova organização dos estudantes da região, no dia 1º de novembro, ocorreu um ato com uma nova onda de ocupações na região do Campo Grande:

EE Álvaro Cotomacci (Jd Novo Maracanã)

EE Gloria Viana (Satélite Iris)

EE Hugo Penteado (Pq Floresta)

EE Newton Opperman (Jd Florence II)

Já na manhã seguinte, a polícia chegou na EE Álvaro Cotomacci com 7 viaturas, 13 motos e um ônibus. As outras escolas foram desocupadas pela PM na manhã do dia 4 de novembro, mas nenhum aluno foi detido pois em todas elas os estudantes saíram antes da ação da polícia. Todos se dirigiram, após as desocupações, para a frente da EE Elvira Muraro, realizando ali um protesto.

No mesmo dia 4, estudantes da EE Eduardo Barnabé, na Região Ouro Verde, ocuparam a escola contra os ataques dos governos. Com uma tática diferente, a polícia acabou por desocupar a escola no mesmo dia. Na segunda feira, 7 de novembro a EE Ruy Rodriguez voltou a ser ocupada e já foi desocupada pela PM na manhã do dia 8, mesmo dia em que a EE Álvaro Cotomacci foi reocupada. Os estudantes não desanimam e não se cansam!

O governador de São Paulo junto com a PM, demonstram uma política diferente do ano anterior, onde as ocupações ocorreram sem reintegração. Os movimentos sociais já conhecem há muito tempo a dureza e autoritarismo do governo Alckmin e, visivelmente, seu governo adotou uma política de destruir a organização dos estudantes para que não ocorra em nosso estado um novo levante estudantil.

Apesar dessa tentativa dos governos e da polícia de criminalizar o movimento, os estudantes têm criado métodos de organização que não permitem que haja algum argumento que os incrimine. As escolas ocupadas são exemplo de organização, limpeza e muitas vezes rola até melhorias dos prédios. Não há nenhuma ação de vandalismo como o governo e alguns órgãos da imprensam tentam fazer parecer.

As ocupações são exemplo de organização e democracia
As ocupações são exemplo de organização e democracia

Essa organização só foi possível porque os estudantes tomaram para si métodos democráticos de organização, em que discutem juntos e decidem juntos o que vão fazer. Ninguém manda em ninguém e ninguém decide sozinho. Essa experiência de debate, assembleias, de tomarem o controle da escola com muita organização, nos ensina que é possível ocupar e dirigir as instituições – de uma escola a um governo – porque a juventude junto com os trabalhadores pode e deve governar o país através de conselhos populares.

A juventude do Campo Grande está dando um grande exemplo de luta, mas também de resistência. Os secundaristas estão mostrando que é possível resistir à truculência de Alckmin e da PM e seguir fortalecendo a luta estudantil.

Sabemos que os ataques contra a juventude e os trabalhadores virão de todos os lados, e a única forma que temos de reagir é unificando nossas lutas.

Por isso, chamamos a juventude de Campinas a se levantar junto à juventude do Campo Grande e a unificar as ocupações! Que as organizações sindicais que estão apoiando essa luta: APEOESP, Sindicato dos Metalúrgicos, Sindicato dos Petroleiros, movimentos sociais e partidos políticos de esquerda chamem junto conosco a organização dos trabalhadores para também se enfrentar contra os ataques! E, para isso, chamem a Greve Geral já em suas categorias! Chamamos cada estudante de Campinas a discutir as ocupações em suas escolas e cada trabalhador e trabalhadora do Campo Grande a apoiar a luta dessa juventude, a estar presente nas escolas ocupadas, discutir nos bairros essa luta e convocar seus sindicatos para construirmos a Greve Geral.

25 de novembro: Dia Nacional de Protestos Paralisações e Greves
A proposta é que este dia seja fortalecido com o acúmulo das lutas em curso. É importante a presença expressiva nesse dia dos diversos setores privados que começam a se mobilizar, entre eles metalúrgicos, operários da construção civil, petroleiros, trabalhadores da mineração, químicos e outros, além dos estudantes em luta nas ocupações por todo o país. Também vamos incorporar a luta contra a violência às mulheres como parte do Dia Latino-americano Contra à Violência à Mulher, no mesmo 25 de novembro.

A juventude nos ensinou: “se o governo veio quente, nós já tá fervendo… e para ferver o caldeirão nas periferias, nas escolas, nas fábricas, temos que unificar as lutas: enquanto a juventude ocupar, os trabalhadores devem parar!

Greve Geral para barrar os ataques!
Ocupa tudo na escola! Pára tudo na fábrica
Unificar as lutas!
Periferia na rua: Nenhum direito a menos!
Desmilitarização da PM!
Por uma saída operária e socialista, que os ricos paguem pela crise!
Fora Temer e Fora todos eles!
Que os trabalhadores governem através de conselhos populares

Carlos Henrique Caetano*, de Campinas (SP)
*Carlos é professor de Filosofia

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