Desde a última assembleia geral, realizada na quinta-feira, 17 de setembro, com cerca de 800 operários, os trabalhadores da construção civil de Belém seguem em ritmo de mobilização e vêm realizando assembleias por local de trabalho, paralisações e passeatas pela cidade.

A indignação dos trabalhadores aumentou depois que, na última rodada de negociação, a patronal repetiu a proposta de antes: 5% de reajuste em agosto e, em ralação à segunda parcela (inaceitável pela categoria), os empresários tiveram a cara-de-pau de apresentar um acréscimo de R$ 1,60 no salário dos profissionais.

A assembleia rejeitou por unanimidade a proposta dos empresários pela quinta vez e aprovou manter o estado de greve e realizar manifestações, assembleias e protestos de acordo com orientação da diretoria do sindicato. Além disso, os trabalhadores exigem do sindicato patronal que assine o acordo já feito com três construtoras da cidade, que garante salário de R$ 530 para servente, R$ 750 para profissionais, 7% de reajuste para as demais profissões e a redução do desconto do vale-transporte de 6% para 3%.

Essa proposta foi formalizada ao Sinduscon-PA ainda na quinta-feira. Na sexta-feira, 18, oito grandes canteiros de obras, representando cerca de 800 trabalhadores, realizaram assembleias nos locais de trabalho com duração de cerca de duas horas cada uma delas.

Durante as assembleias, mesmo com muita pressão, a categoria não recuou e demonstrou o grau de mobilização e disposição dos operários. As empresas atacaram com ameaças contra os operários e o sindicato dos trabalhadores, filmagens, fotógrafos, assédio moral por parte de engenheiros, gerentes e administradores das construtoras e, ainda, com a presença de inúmeras viaturas da polícia militar que ameaçavam pender os sindicalistas. Houve um canteiro em que cerca de cem operários, indignados com a presença da PM na porta da obra, paralisaram suas atividade e, em marcha, se dirigiram espontaneamente à sede do sindicato.

Nesta segunda-feira, 21, nove canteiros de obras paralisaram as atividades e concentraram-se na sede do sindicato, de onde saíram em passeata até a Praça do Operário, lugar tradicional de manifestações da cidade. Lá realizaram nova assembleia e decidiram manter a mobilização até que sejam garantidas suas reivindicações.

Há uma rodada de negociação com os empresários marcada para esta quarta-feira, 23. Na quinta-feira, haverá nova assembleia. Pela disposição da categoria, se não houver avanços por parte dos empresários, a greve poderá ser novamente deflagrada.