A paralisação de 24 horas dos trabalhadores da Mina de Casa de Pedra, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), na cidade de Congonhas (MG) foi satisfatória com a adesão dos dois turnos. A mobilização ocorreu na quinta feira, 15, e provou a força da categoria.

Os trabalhadores ficaram acampados durante toda a quinta-feira na Estação de Transbordo da CSN. Foi a primeira paralisação geral realizada na empresa desde 1989.

Segundo o presidente do Sindicato Metabase Inconfidentes (MG), filiado à Conlutas, Valério Vieira, a mobilização foi a resposta dos trabalhadores ao endurecimento da CSN nas negociações da PLR. “Além de propor um valor irrisório, que não chega a dois salários base, a empresa ainda tem a cara de pau de discriminar alguns trabalhadores, como o pessoal do setor de manutenção, cuja proposta é de apenas 1,34 salário a título de participação nos resultados”, explicou.

As condições de trabalho na Mina são péssimas. Quatro trabalhadores morreram em acidentes de trabalho nos últimos dois anos.

A empresa está aplicando um agressivo plano de expansão e investimentos da ordem de R$ 12,5 bilhões. Adquiriu novas minas, como a Namisa, e está abrindo uma siderúrgica na região.

O resultado desse processo é a imposição de uma maior exploração sobre os trabalhadores, com trabalho em ritmo intenso e muitas horas-extras, pois não há contratação de trabalhadores na quantidade necessária.

Segundo Romildo Coelho, diretor do Sindicato e trabalhador da CSN, “no ano passado, cada trabalhador da CSN produziu, individualmente, mais de um milhão de reais para a Companhia. Em apenas quatro horas de trabalho, um trabalhador gera para a empresa o equivalente a todo um mês de salário”.

Essa situação levou à revolta e à paralisação, decidida em assembleia realizada na quarta feira, 14, e referendada em votação secreta na entrada dos turnos. Apenas 26 trabalhadores se posicionaram contra a greve.

Denúncia
Sem condições de impedir a ampliação da greve, a CSN forçou a permanência de um grupo de operários em seu local de trabalho. Esses operários, da denominada Área 38, estavam lá desde o turno da noite, antes da decretação da paralisação.

O sindicato encaminhou um pedido de fiscalização urgente para a Secretaria Regional de Trabalho e Emprego (SRTE) de Conselheiro Lafaiete (MG), se colocando à disposição para acompanhar a diligência.

Campanha Salarial
A campanha salarial da categoria começa no dia 1º maio. O sindicato formalizou junto à CSN a reivindicação votada em assembleia, de pagamento linear da PLR, no valor de três salários-base, para todos os trabalhadores, sem discriminação. Uma assembleia foi marcada para próxima semana, em que serão definidos os rumos da campanha.

*Com informações de Sebastião Carlos Cacau, da Executiva Nacional da Conlutas