Assentados no saque de riquezas do mundo todo, os EUA são a maior potência econômica do planeta. A imprensa e a propaganda imperialistas querem mostrá-los como o “paraíso capitalista”, a terra onde “todos os sonhos são possíveis”. Mas a realidade é bem outra.

Estudos indicam que 12,5% da população americana está abaixo da linha de pobreza. São quase 36 milhões de pobres, cifra que cresce em ritmo constante desde 2000. Se considerarmos que o desemprego chega a 4,2%, isso significa que existe uma importante parcela da população que é pobre ainda que trabalhe, o que se explica pela queda na qualidade dos empregos nos últimos anos, tanto em salários como em aumento da precariedade.

As cifras ficam piores se analisamos as comunidades hispânicas e negras, entre as quais a pobreza chega a quase 22 e 23% respectivamente. Nelas, a pobreza infantil supera os 30% e daí surge a maioria das quase 6 milhões de crianças que vivem na indigência, a um passo da morte por fome ou doenças. Ao mesmo tempo, aumenta a quantidade de pessoas sem-teto que dormem nas ruas das grandes cidades. Essas cifras de pobres ou sem-teto podem parecer pequenas em comparação com a América Latina ou com a África. Mas estamos falando do país mais rico do mundo! Isso mostra que tal paraíso não existe e que, inclusive nos EUA, se cumpre a “lei da miséria crescente” prevista por Marx para o funcionamento do sistema capitalista.

O caráter profundamente antidemocrático do sistema eleitoral também desmente esse suposto “paraíso”. O voto não é obrigatório e as eleições ocorrem em dia útil. Se um trabalhador quer votar, tem de perder dois dias de trabalho sem pagamento: um para inscrever-se como votante e outro para votar. Nas eleições presidenciais de 2000, só participaram 40% dos eleitores. Claro que entre os eleitores predominam as camadas médias; em muito menor número estão a classe operária e os setores pobres. Os milhões de imigrantes latinos que trabalham há anos no país também não podem votar, por não terem cidadania norte-americana. Principalmente, os milhões de imigrantes “ilegais”, a camada mais pobre e explorada da classe operária.

Sem contar que o presidente não é eleito diretamente pelos votantes, mas por um sistema indireto. Quem decide é o “colégio eleitoral”. Cada partido obtém todos os “eleitores” dos estados em que ganhou (por exemplo, Nova York ou Califórnia), tenha ganho por um voto ou por um milhão, e o outro partido fica sem nenhum. Em 2000, Bush teve menos votos que seu oponente democrata (Al Gore), mas mesmo assim foi designado presidente. Em outras palavras: poucos votam e, ainda por cima, nem sempre se respeita sua vontade. Uma forma anti-democrática de eleger alguém cujas decisões vão afetar milhões no mundo inteiro.
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