Ano novo, vida nova. Esta que é a vontade de milhões de brasileiros ao começar 2006, pode ser encarada de muitos ângulos. Se a esperança for de mudanças na prática política dos parlamentares ou do governo, será tão real quanto o Papai Noel das festas natalinas.

A convocação extraordinária do Congresso só rendeu 25mil reais a mais nas contas desses parlamentares ordinários, mostrando que Severino Cavalcanti saiu do Congresso, mas os restantes seguem os mesmos princípios (ou a falta deles).

A operação tapa buracos do governo Lula, a farsa da “soberania” por pagar antecipadamente a dívida ao FMI, esclareceu mais uma vez que o PT tem o mesmo programa, a mesma prática política, a mesma estatura moral do PSDB e PFL.

A briga de foice no PSDB entre Geraldo Alckmin e Serra para indicação do candidato a presidente, trouxe a público a mesma sordidez dos escândalos do PT no governo. A revista Época, a serviço de Serra, demonstrou a relação de Alckmin com a Opus Dei, uma seita católica de ultradireita, que usa instrumentos de tortura pessoal para uma boa parte de seus apoiadores (para “purificar” o corpo), e encara as mulheres com uma visão ultra machista. Alckmin contra ataca, falando que o vice de Serra na prefeitura de São Paulo, do PFL (que assumiria, caso Serra fosse candidato), é um corrupto conhecido, foi secretário de Pitta, e seria um problema eleitoral para o PSDB.

Como se pode ver, a “cozinha” do PSDB tem o mesmo cheiro dos escândalos de Delúbio e Zé Dirceu. A “política” das classes dominantes no Brasil leva os trabalhadores e jovens que a acompanham a sentirem náuseas. Náuseas em dezembro de 2005, náuseas em janeiro de 2006. Por aí nada de novo. Ano novo, vida velha.

Se depender destes partidos, assim será 2006, uma mesmice. A maioria do povo, mesmo desconfiada, vai votar em outubro. Algum candidato do PT ou do PSDB-PFL vai ser eleito. Em 2007, teremos a mesma política econômica, a mesma corrupção. Muitos já sabem disto, e têm desconfianças de todos. A maioria dos trabalhadores e jovens deste país olha os “políticos” como aquelas pessoas que, ao entrarem na sala, leva você a segurar sua carteira ou bolsa com desconfiança. Mas uma boa parte dos brasileiros já incorporou também a desilusão misturada ao ceticismo “nada vai mudar, é tudo assim mesmo”.

Para que 2006 seja realmente um ano novo, não se pode cair na mesma armadilha em que o povo já caiu diversas vezes, acreditando nas mentiras do PT ou do PSDB-PFL.

Não adianta também esperar das “novas alternativas eleitorais de esquerda” que estão surgindo na América Latina, como Evo Morales ou Chávez.

Tampouco serve para nada ficar só na desilusão. A dominação das grandes empresas também se apóia na passividade que é fruto do ceticismo. Que não se enganem os que esperam um ano melhor “não se metendo em política”, ou deixando de lutar. A vida não vai mudar sem que as grandes massas de trabalhadores e jovens deste país se movam.

É isso que esperamos de novo em 2006. Nenhuma esperança no governo, no Congresso, neste partidos que aí estão como PT, PSDB, PFL, PMDB, PDT, etc. Nenhuma esperança na CUT e na UNE, braços do governo no movimento sindical e na juventude.

Mas algumas coisas podem mudar. Neste ano, em maio, vai ser feito em São Paulo, o Congresso Nacional dos Trabalhadores, o Conat, que deve fazer da Conlutas uma nova organização de lutas, como alternativa perante a falência da CUT, e da UNE. Isto será algo realmente novo, uma nova direção que está surgindo para as lutas neste país, a Conlutas, que dirigiu as principais mobilizações contra o governo nos dois últimos anos, com os atos nacionais em Brasília, e uma participação muito importante nas campanhas salariais do funcionalismo público, bancários, petroleiros, metalúrgicos, e outras categorias.

O PSTU está chamando a todos os setores da esquerda (incluindo o P-SOL), a formar uma frente sindical, classista e socialista para as lutas diretas e para as eleições que, se concretizada, formaria um pólo classista, socialista e de lutas, alternativa à mesmice do PT x PSDB-PFL. Seria também algo realmente novo no terreno da política.

Ano novo, vida nova, só com novas lutas.

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