Todos os ativistas do movimento sindical, estudantil e popular do país deveriam estudar com atenção os dados divulgados na semana passada sobre os bancos neste país. Dois elementos merecem a atenção de qualquer um: 1) os bancos lucraram 28,4% mais no governo Lula do que no de FHC. 2) os bancos financiaram nas últimas eleições o PT (R$ 7,9 milhões), quase o dobro do que deram ao PSDB (R$ 4,1 milhões).
Trata-se de um tema importantíssimo para a reflexão dos milhões de trabalhadores e das dezenas de milhares de ativistas que seguem apoiando o PT.

Não cabe a menor dúvida que o PSDB e o PFL sempre foram partidos representativos do capital financeiro e, por isso mesmo, financiado por eles. O PSDB ficou conhecido no governo FHC como o “Partido da Salvação dos Bancos”. Injetou bilhões do dinheiro público nos bancos falidos com o Proer, garantiu lucros altíssimos e recordes para os banqueiros com o modelo neoliberal (juros altos, superávits primários para pagar a dívida etc.).

A candidatura Serra em 2002 contou com o apoio político e financeiro dos grandes bancos.

Mas é preciso explicar o que aconteceu com o PT, que teve um aumento de 1000% das contribuições dos banqueiros entre 2002 e 2004. É evidente que os grandes bancos, para defender seus lucros atuais, muito maiores que no governo FHC, passaram a dividir seu apoio político e financeiro entre o PT e o PSDB-PFL, e agora já estão dando mais dinheiro ao PT. Agora, os grupos que se dizem de esquerda e seguem no PT, devem saber que estão lado a lado com os banqueiros.

Como se sabe, os banqueiros estão no centro do poder capitalista e imperialista. Eles têm um enorme poder econômico, com seu controle acionário de boa parte das grandes empresas. Estão estreitamente ligados ao imperialismo, ou são diretamente imperialistas. Conseguem lucros fabulosos, mesmo com a economia crescendo pouco como agora. Cumprem um papel claramente parasitário, ao pagar no máximo 1% de juro no dinheiro aplicado em seus papéis, e cobrar 10% ou 13% mensais no cheque especial. Boa parte de seus lucros vem diretamente do governo, sem qualquer risco, com o pagamento da dívida pública com juros altíssimos, determinados por seus representantes no governo federal.

Mesmo sendo uma parcela muito, muito pequena da população, os banqueiros têm um enorme poder político, controlando os principais partidos, o governo, o Congresso e a Justiça. Para isso, são os corruptores mais importantes (não por acaso, o BMG e o Banco Rural estão metidos no “Valerioduto”), e financiam as campanhas eleitorais dos partidos.

Já se sabia que o governo Lula e o PT mantinham excelentes relações com os banqueiros. O que não se sabia é que o PT recebia grandes somas de seu financiamento por eles, a ponto do PT paulista receber oito vezes mais dinheiro dos bancos do que de seus filiados e parlamentares.

Como fica agora o discurso petista de que é necessário reeleger Lula, para evitar a “volta da direita”. Evitar a volta de quem? Dos banqueiros, o principal setor da direita e do poder burguês neste país? Não precisam voltar, já estão no governo.
Que todos os ativistas honestos deste país saibam. Ao seguirem defendendo o PT estarão juntos com Olavo Setúbal, presidente do Itaú, com Márcio Cypriano, presidente do Bradesco. Caso estejam fazendo campanha eleitoral, estarão distribuindo panfletos financiados diretamente pelos banqueiros. É muito mais eficaz para os banqueiros que seja um ex-operário metalúrgico no governo que defenda seus interesses.

Não estamos dizendo que os bancos apoiarão só o PT. Apoiarão o PT e o PSDB-PFL, para ter segurança de que vencerão as eleições, seja qual for o partido ganhador. O que estamos dizendo é que se quiser “evitar a direita”, “acabar com o controle do capital financeiro”, é preciso romper com os dois blocos burgueses dominantes existentes, tanto o PSDB-PFL como o PT.

É preciso construir uma alternativa dos trabalhadores, contrária a estes dois blocos do capital financeiro. Para isso, o PSTU chama o P-SOL, a Consulta Popular, o PCB a compor uma Frente de Esquerda Socialista e Classista. Essa frente precisa se construir nas lutas concretas dos trabalhadores, e na construção de uma nova direção, em alternativa à CUT.

Por exemplo, neste momento, esta frente está se expressando na constituição de uma chapa para a disputa pela direção do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, para derrubar nas eleições de abril a chapa da CUT, apoiada pelos banqueiros.
A expressão maior da construção desta nova direção é a realização do Conat, o Congresso Nacional dos Trabalhadores convocado para maio pela Conlutas, para formar uma nova entidade nacional, alternativa à CUT.

Da mesma forma, essa Frente de Esquerda, Classista e Socialista deve se expressar nas eleições, com um programa contra o controle do país pelos banqueiros, tanto os banqueiros do PT como os do PSDB-PFL. Para isso, essa frente deve ter um programa anticapitalista, antiimperialista, contra o governo petista e a democracia dos ricos.
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