Obras eleitoreiras terão prioridade enquanto cortes afetam áreas sociaisApós o anúncio do corte de R$ 20 bilhões no orçamento deste ano a fim de compensar o término da CPMF, o governo Lula decidiu ampliar o arrocho e suspender obras previstas pelo PAC para garantir as emendas parlamentares. Antes intocável, os investimentos em obras do chamado Plano de Aceleração do Crescimento serão reduzidos para dar lugar à demanda de deputados e senadores em ano eleitoral. O anúncio ocorreu após reunião no Planalto para definir os próximos passos do pacote elaborado pelo governo.

Se a suspensão dos concursos públicos e dos reajustes negociados com os servidores em 2007 não causou polêmicas, tendo a oposição pedido até mesmo seu aprofundamento, a ameaça às emendas provocou uma enorme gritaria no Congresso. “O país não pára se não tiver concursos este ano”, chegou a afirmar o presidente da Comissão Mista de Orçamento, o senador José Maranhão. Temendo um acirramento da disputa com a oposição de direita, o governo preferiu abrir mão de parte dos investimentos em obras que seriam sua vitrine para as eleições de 2010 para viabilizar boa parte das emendas.

Servidores prometem resistir
Os servidores públicos não aceitarão impassíveis as suspensões dos já insuficientes reajustes firmados pelo governo em 2007. O funcionalismo já discute a possibilidade da deflagração de greve caso os acordos sejam descumpridos. Os servidores públicos federais e os auditores da Receita, entre outras categorias, já afirmaram que cruzarão os braços caso o governo resolva jogar nas costas do funcionalismo o fim da CPMF.

O governo, por sua vez, aproveita o anúncio do corte dos reajustes para apressar a lei anti-greve que tramita na Câmara. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, já afirmou que esta é a oportunidade para aprovar a lei que praticamente inviabiliza paralisações no setor público.

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