Após 500 dias de governo, existe um fato histórico no país: a frustração da esperança alimentada por dezenas de anos de que, com a eleição de Lula, a vida iria mudar para melhorAs pesquisas indicam uma ruptura de milhões de trabalhadores com o governo. Lula tinha, em dezembro, uma avaliação como ótimo ou bom de 41% da população, caindo para 28% no final de março. Os 14% que achavam o governo ruim ou péssimo, em dezembro, já eram 23% em março. Pesquisa feita em maio, em São Paulo, indica que, pela primeira vez, a porcentagem dos que acham o governo ruim ou péssimo (29%) é maior que a dos que opinam que é bom ou ótimo (25%).

Lula se elegeu prometendo acabar com a fome, gerar 10 milhões de empregos e dobrar o poder de compra do salário mínimo. As críticas ao governo FHC foram muitas na campanha. Entretanto, após vencer as eleições, está aprofundando a política de FHC, seguindo exatamente as mesmas regras ditadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

Essa frustração tem 22 anos de história. Só após três eleições foi possível eleger um trabalhador, que saiu das fábricas do ABC. Lula surgiu das históricas greves metalúrgicas no final da década de 70. Sua trajetória confunde-se com a de milhares de lutadores deste país que apostaram em um sonho e, agora, sentem o peso da traição. Milhões de trabalhadores enxergaram, com a eleição de Lula, a perspectiva de um governo que olhasse para eles. Agora são obrigados a ver aquele que seria seu representante governa para os ricos nacionais e estrangeiros.

Post author Eduardo Almeida, da redação
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