Propaganda do governo do estado faz chacota com abusos de mulheres no metrô

Os trabalhadores sofrem diariamente com a situação sufocante do metrô de São Paulo. Com mais de 8 milhões de usuários transportados diariamente, a malha metroviária da capital conta com apenas 5 linhas, num total de 74 quilômetros.

As falhas técnicas são constantes. É normal ver plataformas lotadas em todos os horários. Esses 74 quilômetros de linhas não chegam nem perto das necessidades reais de transporte da nossa cidade. Os problemas do transporte público são sentidos também por quem usa os trens da CPTM ou viaja de ônibus. Pagamos caro – R$3 – por um serviço de má qualidade, num sufoco diário para se locomover.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB), por sua vez, não dá respostas aos problemas do transporte. O governo patina em suas justificativas ante às denúncias de licitações fraudulentas e dos R$ 425 milhões desviados no propinoduto do metrô. Após o verdadeiro colapso do sistema de metrô, ocorrido no dia 4 de fevereiro, Alckmin tentou culpar usuários e trabalhadores por uma falha técnica, acusando-os de “sabotagem”.

Como se não bastasse isso, há inúmeros casos de estupro e abusos sexuais no metrô. Todos os dias, milhões de mulheres enfrentam, nos trens e metrôs lotados, situações ainda mais humilhantes que o resto dos trabalhadores. Essa humilhação vai desde a passada de mão, aproximação forçada, esbarrada “sem querer” até a “encoxada” e o estupro de fato. Infelizmente, esse problema acontece todos os dias. No dia 18 de março, Adilton dos Santos  foi preso após ejacular em uma mulher dentro do vagão.

Não são poucas as denúncias de mulheres que tem suas partes íntimas filmadas por baixo de suas saias, seus decotes fotografados, e depois tem suas imagens divulgadas na Internet. Só esse ano o metrô já acompanhou mais de 23 casos de abusos sexuais, mas muitos mais ocorrem todos os dias já que muitas mulheres não denunciam as violências de que são vítimas, seja por medo ou por não saberem como denunciar os abusos sofridos.

A Policia Federal já desarticulou uma das páginas dos “encoxadores” no Facebook (com mais de 12 mil “curtidas”), mas é possível encontrar mais de 40 dessas páginas, assim como vários blogs e grupos de What’sApp que promovem esses abusos.

Estupro não é brincadeira
Como se tudo isso já não bastasse, no dia 18 de março a Companhia do Metropolitano de São Paulo e o governo do estado divulgaram um anúncio veiculado na rádio Transamérica em que o governo Alckmin apresenta as novas obras no metrô e justifica que o caos do transporte não é um problema “só” de São Paulo. O ator dessa propaganda profundamente preconceituosa diz que “nos horário de pico é normal trem e metrô ficá lotado. É assim também nas grande metrópole espalhada pelo mundo”.

 Justificar o sufoco diário já é humilhante para quem sofre com ele todos os dias. Mas o pior do comentário vem em seguida: “Pá falá a verdade eu até gosto do trem lotado é bom pra xavecá a mulherada né mano! Foi assim que eu conheci a Giscreusa.”. Estupro não é brincadeira, senhor governador! O tormento que as mulheres sofrem no transporte tem que ser duramente combatido, e não incentivado! A superlotação do metrô, ônibus e trens humilha todos os trabalhadores, mas principalmente as mulheres.

Para nós do PSTU os abusos que as mulheres sofrem não tem graça e não devem ser motivo de piadas. A situação de barbárie a que as mulheres estão sujeitadas são alarmantes. Os últimos dados apontam que, a cada 5 minutos, uma mulher é agredida no Brasil. Entre 2007 e 2011, 17 mil mulheres foram assassinadas, e a cada duas horas, uma mulher da entrada no hospital em decorrência de violência.

Exigimos que o governo Alckmin tome medidas para melhorar a situação do transporte em São Paulo, ao invés de incentivar e brincar com o machismo que nós mulheres sofremos todos os dias. Queremos a ampliação do metrô para acabar com a superlotação, acompanhamento médico e psicológico das mulheres que sofreram abuso nos transportes, e prisão dos estupradores.

Nossa dor não é motivo de chacota!

Escute a propaganda veiculada pela rádio Transamérica aqui