Em entrevista coletiva concedida na última terça-feira, 15 de maio, o presidente Lula comparou a greve de servidores a férias ao defender seu projeto de restrição às greves. “O que não é possível, e nenhum brasileiro pode aceitar, é alguém fazer 90 dias de greve e receber os dias parados, porque, aí, deixa de ser greve e passa a ser férias”, afirmou.

Lula também criticou a greve dos servidores do Ibama, classificando-a como uma greve sem motivo. As palavras do presidente desprezam a luta dos trabalhadores do órgão que estão paralisados para impedir a desvinculação de licenças ambientais do Instituto. A medida abre caminho para expedição de licenças sem a avaliação adequada, causando danos ao meio ambiente que visem somente ao lucro e às negociatas de empreiteiras.

Se ainda havia alguma dúvida sobre as intenções do governo com o chamado projeto de “regulamentação” da greve, hoje já não há mais. O projeto, nas palavras do próprio Lula, prevê desconto dos dias parados e manutenção dos serviços em plena greve, entre outras limitações.

A conseqüência primeira da restrição é a criminalização do movimento sindical, que já vem sendo “testada” em vários setores. Recentemente, por exemplo, foram demitidos cinco diretores do Sindicato dos Metroviários de São Paulo após uma paralisação e antes mesmo de ser aprovada tal lei de “regulamentação”. O Metrô, desde então, emplacou uma campanha reacionária com cartazes que incitam os usuários contra os trabalhadores colados em todas as estações.

Se for seguida essa regulamentação, no entanto, a greve deixa de ter qualquer efeito. É exatamente o que o governo quer, pois sabe que não será possível executar as reformas trabalhista, sindical e previdenciária sem enfrentar a resistência da classe trabalhadora.