Com a importante tarefa de “Resgatar a tradição de luta da mulher trabalhadora”, o 1º Encontro Nacional de Mulheres da Conlutas discutiu ações concretas e palavras de ordem para organizar as mulheres trabalhadoras e da juventude contra a opressão e a exploração.

O machismo é tão violento no capitalismo que as mulheres, mesmo sendo metade da classe trabalhadora, se organizam menos nas entidades sindicais do que os homens. Muitas vezes não tomam consciência da opressão que sofrem e nem vêem a necessidade de lutar.

Como o capitalismo se beneficia da opressão, a luta contra o machismo é também uma luta contra a exploração. Se os setores oprimidos da classe trabalhadora e da juventude não se organizarem para levar adiante a luta contra a opressão e batalharem para que esta seja assumida por toda a classe, isso dificilmente acontecerá.

As bandeiras contra a opressão são bandeiras de toda a classe trabalhadora, que não podemos abandonar nas mãos das mulheres burguesas.

Uma alternativa de organização
No Brasil, o governo Lula e a burguesia tentam impedir que os setores oprimidos lutem, trazendo-os para o governo ou financiando-os através de organizações não-governamentais (ONG’s). A maioria das atuais organizações de mulheres defende a unidade das mulheres trabalhadoras com as mulheres burguesas contra os homens, limita sua luta dentro do horizonte da sociedade capitalista e da democracia burguesa, além de defender o governo Lula e não denunciar seus ataques aos trabalhadores e trabalhadoras.

Como resposta a tudo isso, temos a Conlutas, que se propõe a ser muito mais que uma simples central sindical, mas uma entidade que reúna movimentos sociais, populares e todos os setores oprimidos da classe trabalhadora.

Com o Encontro de Mulheres, a Conlutas deu um passo a mais em sua construção enquanto alternativa de organização para as mulheres. Lançou a proposta de construir um movimento feminista da Conlutas, classista e socialista. Um movimento das mulheres trabalhadoras, que organizará as companheiras de todas as categorias e de outros setores da classe, da juventude, “donas de casa”, companheiras dos operários, do movimento popular etc. E, além de organizar as mulheres para lutar por creches, salário igual, combater a violência, o assédio sexual e moral, pela legalização do aborto, sem dúvida será um instrumento para abrir espaço para as mulheres nas diretorias de sindicatos, entidades estudantis e as transformar em verdadeiras lideranças, não só de mulheres, mas do conjunto da nossa classe.

Lutar contra a opressão todos os dias
No encontro, estavam presentes mulheres metalúrgicas, professoras, costureiras, petroleiras, rodoviárias, metroviárias, servidoras públicas, entre outros setores e categorias de quase todos os estados brasileiros. Mulheres que sentem todos os dias a opressão. No capitalismo, o machismo estimula a idéia mentirosa de que o homem é a direção natural e as mulheres são dirigidas por eles porque são inferiores.

Essa mentira, junto com a dupla jornada de trabalho, muitas vezes impede que as mulheres lutem, e a luta dos trabalhadores contra seus inimigos de classe, contra a burguesia, o governo e a patronal, é enfraquecida.

Por isso, o encontro afirmou a necessidade de os sindicatos e demais entidades criarem ou darem vida às suas secretarias de mulheres, incluindo as bandeiras específicas das mulheres nas suas pautas de reivindicações e negociações, discutindo em suas instâncias (com homens e mulheres) a questão da opressão e do machismo, impulsionando a formação sobre esse tema e apoiando o movimento.

Além disso, considerando que reafirmaremos a opressão se não tivermos políticas desiguais para setores desiguais, no encontro foi indicada a política de cotas para mulheres nas diretorias dos sindicatos e entidades estudantis, proporcionais ao número de mulheres na base das categorias.

Construir o movimento
Terminado o Encontro de Mulheres da Conlutas, o desafio agora é voltar para suas regiões, cidades e para suas categorias, realizar plenárias de mulheres convocadas nas bases das fábricas, bancos, escolas, ocupações, discutir a realidade de opressão e exploração das mulheres, organizar pautas de reivindicações, possibilidades de mobilização e discutir a necessidade de organização, como forma de construir um movimento real das mulheres da nossa classe pela base.

Vitorioso e histórico, este encontro serviu também para ampliar a construção do 1º Congresso da Conlutas, que será realizado de 3 a 6 de julho em Betim (MG). No congresso, para encaminhar a construção do movimento classista e feminista, haverá uma plenária de mulheres trabalhadoras.

Com passos decididos e fortes no combate ao machismo, a Conlutas se configura cada vez mais como uma real ferramenta de defesa da mulher trabalhadora e de união e luta de toda a classe.
Post author Janaína Rodrigues, da Conlutas e da Oposição Alternativa da Apeoesp
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