A entrevista coletiva do ministro da Fazenda, Antônio Palocci, no dia 21 de agosto, foi uma aparente demonstração de tranqüilidade. Lula chegou a dizer que Palocci discursou com a “segurança de um inocente”. Entretanto, de inocente o discurso do ministro não teve nada. Com as informações que estão surgindo para desmentir Palocci, a máscara vai caindo e fica claro que a entrevista foi uma grande encenação para acalmar os mercados.

Não demorou muito. No dia seguinte à coletiva, já surgiram denúncias de que a empresa Leão Leão assinou oito contratos sem licitação e venceu uma concorrência pública de R$ 41 milhões durante a gestão de Palocci à frente da prefeitura de Ribeirão Preto (SP). Foram R$ 46 milhões em contratos com a empresa apenas entre 2001 e 2002.

Essa informação prova que Palocci mentiu ao dar entrevista, e o fez com a “segurança de um inocente”. Palocci havia dito que as licitações e o contrato com a Leão Leão para os serviços de limpeza e coleta de lixo na cidade foram feitos antes de ele assumir a prefeitura. Na entrevista, o ministrou citou apenas o contrato anterior, assinado em 1999 pelo prefeito Luiz Roberto Jábali, do PSDB, e que foi considerado irregular pelo Tribunal de Contas do Estado. Disse que depois disso, só houve outro contrato emergencial em sua gestão, para “coleta de galhos“.

Isso descartaria a tese de que Palocci recebia uma mesada de R$ 50 mil da Leão Leão em troca de favorecimento à empresa nas licitações da prefeitura. Esse esquema já estava sendo investigado não só em Ribeirão Preto, mas em diversas cidades, inclusive nas cidades governadas pelo PSDB.

Palocci tentou se inocentar, mas a informações sobre os oito contratos feitos por sua gestão o desmentiram. O alto valor somado desses contratos feitos em um curto intervalo de dois anos reforça as acusações de Buratti sobre o esquema de propina na coleta de lixo que envolve o ministro.

A assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda divulgou nota afirmando que o contrato omitido “não foi objeto de questionamento na coletiva” e que “o ministro reafirma todas as suas declarações”. Isso não responde às acusações e Palocci pode ser convocado para depor na CPI. Para decidir sobre isso, os membros da Comissão aguardam o depoimento de Rogério Buratti, que ocorrerá no dia 24.

ENTENDA O CASO

  • Buratti: o Waldomiro de Palocci