Protesto em solidariedade aos palestinos presos políticos de Israel
Marcel Wando, de São Paulo
No último dia 19 a professora israelense Nadera Shalhoub-Kevorkian denunciou em uma palestra na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, que as forças de ocupação de Israel autorizam que grandes companhias farmacêuticas realizem testes clínicos em prisioneiros árabes e palestinos. A professora da Universidade Hebraica também revelou que as empresas militares também testam armas nos bairros de Jerusalém ocupada (Al-Quds).
Ela disse que coletou dados enquanto fazia uma pesquisa para a universidade e concluiu que “os territórios palestinos são laboratórios“, e que “a invenção de produtos e serviços militares por empresas militares patrocinadas pelo Estado de Israel são fomentadas também pelos toques de recolher e a opressão do Exército de Israel“. Em sua palestra intitulada “Espaços Perturbadores – Tecnologias Violentas na Jerusalém Palestina”, também revelou que “verificam quais bombas usar, se de gás lacrimogênio ou de fedor. Se usam sacos plásticos ou de pano. Se batem com a coronha da arma ou com a bota.”
Cartoon em homenagem ao dia do prisioneiro palestino
Essa contudo não é a primeira vez que se denunciam testes clínicos em prisioneiros palestinos. Em 1997 o jornal israelense Yedioth Ahronoth publicou denúncias baseadas nas observações de Dalia Itzik, presidente de uma comissão parlamentar. A parlamentar disse na época que o então ministro da saúde deu permissão para as empresas farmacêuticas testar novos remédios nos presos, que já acumulavam mais de 5000 testes. Em agosto 2018, Robrecht Vanderbeeken, secretário cultural do sindicato ACOD, denunciou que a população na faixa de Gaza estava “passando fome, sendo envenenada e as crianças estavam sendo sequestrada e mortas para roubarem seus órgãos“. Essa denúncia veio logo em seguida de outra, do embaixador palestino na ONU Riyad Mansour, que afirmou que os corpos dos palestinos mortos pelas forças de Israel estavam “retornando sem as córneas e outros órgãos internos, confirmando os relatórios anteriores de que as forças israelenses estão extraindo órgãos dos palestinos“.
Na última semana, as autoridades de Israel se recusaram a entregar o corpo de Fares Baroud, que faleceu dentro de uma prisão israelense de diversas doenças. Sua família diz temer que tenha sido vítima de testes laboratoriais que seriam identificados em uma autópsia. Três dias depois, Yasser Hamid Ishtea, de 36 anos também faleceu na prisão de Eshel, no sul do país. Ele foi preso com uma sentença de prisão perpétua. As autoridades alegaram que ele matou um israelense. Atualmente existem 5450 mil palestinos presos em Israel.
Forças de Israel prendem palestino durante protestos em solidariedade à greve de fome de prisioneiros em Nablus em 25 de Maio de 2017
Os ativistas promovem protestos em solidariedade aos palestinos presos políticos em Israel. As ações vão desde campanhas de greve de fome de dentro das prisões até passeatas e acorrentamentos. Esses protestos são reprimidos por Israel e geram novas prisões. Nos protestos recentes da Grande Marcha do Retorno, que ocorrem desde 30 de março do ano passado, a repressão do Exército de Israel já matou centenas de palestinos e feriu dezenas de milhares. Os tiros com armas letais são disparados na fronteira da faixa de Gaza. As bombas de gás lacrimogênio são atiradas a partir de 3 tipos de drones (aviões não tripulados) e utilizam as “Butterfly Bullet” e “Butterfly Expander ‘BUZZ SAW’ bullets”, que são projéteis que viajam em uma velocidade acima da do som, causando grande impacto. Essas novas tecnologias estão sendo testadas para depois serem vendidas para os países do mundo todo com o selo de “testado em combate”.
Munição do tipo Butterfly Expander “BUZZ SAW”